sábado, 3 de outubro de 2009

FELICIDADE CARIOCA



O Rio é Copacabana cheia
É a garota de Ipanema na areia
É o carioca alegre e festeiro
É o mar cantado em verso e prosa.

O Rio é Cartola e suas rosas mudas
É a Rocinha
É a tragédia e a volta por cima
É a música de Tom, Vinicius e Pixinguinha.

Que me perdoem os meus amigos poetas, mas hoje até eu me permito escrever versinhos simpáticos sobre o Rio de Janeiro. Tá na ordem do dia, o Rio será a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Parabéns à cidade e ao Brasil por essa conquista. Acho importante para o país, mas não vou alimentar maiores euforias. Sempre gostei do Rio, tenho amigos preciosos lá, mas também não dá pra fechar os olhos e imaginar que até 2016 viveremos de carnaval. Não vejo outra cidade brasileira com potencial pra sediar um evento esportivo desse porte, mas muita coisa precisa ser feita. Não vamos esquecer aqueles momentos tensos que antecederam ao Pan, quando as obras não se concluíam, com histórias de superfaturamento, etc. Mas, por ora, não quero ser pessimista, prefiro torcer para que tudo dê certo, sobretudo com planejamento, transparência, competência, segurança e também sustentabilidade. O vídeo feito pelo Fernando Meirelles é lindo, à altura da beleza da cidade. Quem não viu ainda vale a pena procurar na internet. Acho que boa parte dessa conquista deve-se a ele também, porque acredito que aquelas imagens, que traduzem tão bem o espírito carioca de ser, tocaram tanto quanto o discurso do presidente Lula. Aliás, nunca as metáforas futebolísticas do nosso presidente estiveram em total acordo com o momento. Fico feliz até pelo escritor Machado de Assis que, a essa altura, deve estar com um sorriso de orelha a orelha. Talvez agora a Secretaria de Turismo da cidade tire do papel o esperado roteiro ilustrado com passagens dos personagens machadianos por ruas, praças, praias e outros cenários do Rio, onde o Bruxo do Cosme Velho passou a sua vida inteira. Gostei da cobertura das TVs e da repercussão no Twitter, fez toda diferença mesmo, tanto que nos Estados Unidos fala-se que Chicago não levou a melhor porque não houve envolvimento da mídia. Achei bacana a cobertura da Globo News e da TV Record. Em geral, apresentadores e repórteres não sabiam se repercutiam a notícia ou se caíam no samba. Na dúvida, fizeram as duas coisas. Vou ficando por aqui com a minha felicidade "carioca", mas já pensando em malhar pra não fazer feio em 2016 rs. Obrigadão a todos pelos gentis comentários sobre o layout novo do blog. Abração!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

EXTREME MAKEOVER

Porque existem rosas também nos escombros

Centésimo post, pessoal! Achei que o blog merecia uma mudança, aliás, já vinha estudando essa possibilidade, há algum tempo, mas só nos últimos dias é que realmente pude parar, pensar e executar algo bem bacana. Mesmo errando muito no começo, revirando a internet em busca de algo que fosse a minha cara, consegui exatamente o que eu queria, um layout novo charmoso, com um visual atraente, mas sem ser muito chamativo. E esse é ainda todo artsy, inspirado em Mondrian, um pintor holandês que eu adoro, um achado mesmo. Pra mim foi a mesma sensação de reformar o meu quarto ou participar do Extreme Makeover rs. Curti muito.
Estive um pouco ausente por causa da exposição nova (que tá enrolada por falta de patrocínio. Empresários da Baixada Santista, por favor, compareçam!) e alguns problemas pessoais. O cachorro da nossa família, o nosso querido akita Shiro, morreu no domingo passado, depois de uma semana agonizante, entre idas e vindas ao veterinário. Foi um golpe duro, já esperado, afinal ele já estava bem velhinho, mas como não sei lidar com perdas, foi muito doloroso. Em abril, postei aqui um texto que escrevi sobre amizade, “Um Milagre Para a Estrela Azul”, dedicado a ele. Meu irmão Luciano me disse uma coisa linda, por e-mail, que tem tudo a ver com o texto, sem o ter lido: “É mais um pedacinho da gente que vai para as estrelas”. É isso mesmo. Saudades, amigão.

"A Dança", de Henry Matisse, 1910

Cristiano Félix e a bela instalação "Variation"

Como tinha prometido, vou falar um pouco das minhas impressões sobre a exposição “Matisse Hoje”, que fica na Pinacoteca de São Paulo, até 01 de novembro. A cereja do bolo do Ano da França no Brasil, a exposição em si não me empolgou muito. Talvez porque fui exatamente naquele dia em que o céu desabou sobre São Paulo. Pretendo voltar pra tirar a dúvida. Reconheço a importância do artista, claro, ele influenciou bastante a arte moderna, mas saí de lá com a nítida impressão de que faltou algo. A começar pelo quadro dele mais famoso, “A Dança”, de 1910. Não me lembro agora, se esse quadro pertence ao Guggenheim de NY ou ao Hermitage Museum de São Petesburgo, mas custava emprestar? Entre os textos explicativos da exposição, tem uma história do pintor que eu achei o máximo. Matisse, que adorava retratar mulheres, antes de entregar os quadros a elas, dizia: “Se você não gostar, fico pra mim”. Por outro lado, na parte central do museu, há uma instalação imperdível chamada “Variation”, de Céleste Boursier-Mougenot. A obra é composta por três piscinas onde louças brancas em diversos tamanhos flutuam com o movimento da água, produzindo sons ao se chocarem umas com as outras. Além do lado sensorial, que é fantástico, ela também pode inspirar várias leituras. Eu mesmo vi ali esse caminho sem volta que é o individualismo humano, as pessoas sempre se encontrando, se trombando, mas sem tempo umas para as outras, sempre preocupadas em serem felizes a qualquer preço.

Nesse mesmo dia, reencontrei o meu amigo Cristiano Félix que estava passando o feriado de 7 de setembro, na cidade. Como sempre acontece quando nos encontramos, ficamos um tempão papeando. Ele até me indicou um conto lindo do Caio Fernando Abreu, que eu ainda não conhecia, mas que li depois e recomendo, “Uma História de Borboletas”. Por falar em amigos, fiquei muito feliz em saber que o escritor Flávio Viegas Amoreira, recentemente homenageado no 7 Curta Santos, vai colaborar no Blog do Favre, do IG.

Vou ficando por aqui, mas volto logo com um balanço do 7 Curta Santos, fazendo um apanhado geral do evento, das pessoas bacanas que conheci lá, das oficinas e, principalmente, dos filmes do festival. Beijo especial pra minha amiga Lari que me mandou uma mensagem linda no celular, ontem. Abração e até já!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MINUTOS DE FILOSOFIA

Theo Roos, Mona Dorf (a mediadora) e Marcia Tiburi

Nunca fui muito fã de Filosofia, torcia sempre o nariz, quando tinha que estudar a matéria no colégio ou na faculdade, acho até que fui o único da minha turma que não leu “O Mundo de Sofia”, um livro que virou moda, nos anos 90. Mas, no domingo passado, em meio ao feriadão com chuva, fui à Tarrafa Literária, espécie de Flip santista, num bate-papo com o filósofo alemão Theo Roos e a Marcia Tiburi (sim, aquela mesma do Saia Justa), e saí de lá bem animado pra devorar tudo que encontrasse sobre Nietzsche. Já estive em alguns encontros de escritores, assim, mas nenhum foi tão prazeroso. Sem contar que ainda vi o Zuenir Ventura de pertinho.

Theo Roos também é músico e o bate papo foi pontuado por algumas de suas canjas. No repertório, músicas lindas de Van Morrison e Bob Dylan. “Por que uma apresentação filosófica não pode ser como um espetáculo de rock?” – provocou. Ele defende uma Filosofia mais prática, próxima das pessoas. “Temos que nos tornar os poetas de nossas vidas. A arte não é primazia só do artista”, sugeriu fazendo uma alusão àquela famosa frase de Nietzsche, “Faça da sua vida uma obra de arte”. Já a Marcia Tiburi, embora não tão romântica quanto Roos, também defende essa Filosofia na vida real, mas com alguma reserva. “Com Filosofia você só aprende a ser um funâmbulo”, e antes mesmo que todos se questionassem “Que raios vem a ser essa criatura?”, foi logo emendando: “Funâmbulo é aquele que vive na corda bamba”. Ela deixou bem claro que não se pode confundir Filosofia com livros de auto-ajuda e que precisamos aprender a pensar. “Está faltando, no Brasil, a gente dar a cara a bater, criticar, ser criticado, ter coragem de expor idéias. O Brasil do meio intelectual, acadêmico, dos meios de comunicação está muito covarde. Nós estamos muito covardes. O nosso governo é pra lá de covarde e essa covardia tem a ver com o nosso medo do que pode acontecer. Eu acho que vamos ter que enfrentar isso e a linguagem como arma do pensamento lúcido é o nosso caminho desse momento histórico. Nós temos que nos preparar ainda para viver os alcances da arte”, finalizou.

A minha dica para quem quer, como eu, conhecer melhor a Filosofia é Nietzsche, claro, mas vou só comentar uma matéria bem interessante que li numa revista MTV antiga, de nº 50, sobre os “50 imortais da música brasileira”. O texto é de Ademir Correa e chama-se “mora na filosofia”. Ele selecionou e adaptou para uma linguagem moderninha dez teorias filosóficas para a vida prática. O que Nietzsche pensa sobre a vida, por exemplo, tá escrito assim: "Vá à luta, independentemente de quantas vezes você tropeçará no cadarço do tênis desamarrado". Achei um barato. Pra não perder a piada, o meu amigo Flávio Michelazzo, com o seu humor inglês de sempre, me veio com essa: “Não use tênis”. Simples assim rs.

Bem, volto depois com as novidades da minha expo nova, dentro de um coletivo de arte, de Santos, que deve rolar no comecinho de outubro e mais as minhas impressões sobre a exposição “Matisse Hoje”, na Pinacoteca. Abraços e beijos! E a vida segue tranquila.

domingo, 23 de agosto de 2009

ON THE ROAD


Final de semana bastante melancólico, o que me salvou foi a leitura de “Geração Beat”, de Claudio Willer, um pocket book delicioso sobre um grupo de poetas, escritores e artistas norte-americanos que provocaram grande alvoroço, na década de 50, por causa do caráter inovador e contestador de suas obras. Os meus favoritos são os três mais citados: Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs. Mais conhecidos como beats ou beatniks, eles inspiraram principalmente os jovens a romperem com o estilo de vida careta dos Estados Unidos, nos anos 50, e a procurarem novos modelos de expressão. Aliás, acabo de descobrir que essa mesma época foi descrita pelo escritor Henry Miller como “pesadelo com ar condicionado”, referência ao tendencioso american way of life, que tomou conta do pós-guerra e que nos influencia até hoje. Além do apelo subversivo de suas obras, eles possuem biografias repletas de histórias interessantes, onde drogas, muuuuito sexo livre e até crimes aparecem como meros coadjuvantes de “uma rede complexa de relacionamentos pessoais”. “Geração Beat” traz um apanhado dessas histórias e mais comentários críticos das principais obras. Dá pra ler bem rapidinho, não custa caro e ainda pode ser comprado em bancas de jornais.

A primeira vez que ouvi falar nessa turma de escritores foi na antiga revista "VINTE", em abril de 1999. O editorial “Romance beatnik”, todo em P&B, muito bem editado pelo Paulo Martinez, era lindo. Depois, a Adriana Calcanhotto os citaria também em “Remix Século XX” e, daí por diante, fui me interessando cada vez mais por eles. Não li ainda “On the Road”, de Jack Kerouac, apenas alguns trechos e poemas de Allen Ginsberg, mas não tenho pressa, tudo ao seu tempo.

Sabendo que Walter Salles, um dos meus cineastas preferidos, está em vias de filmar “On the Road”, fui à palestra de Claudio Willer, que aconteceu antes da noite de autógrafos do seu livro, no Sesc-Santos, na semana passada. A palestra não foi nada empolgante, pelo contrário, achei lenta demais, beirando ao insuportável. Das duas uma, ou o autor não tem um pingo de carisma (o que é mais provável) ou estava num dia de cão. Sobre o filme do Waltinho ele foi bastante categórico, não vai sair. Segundo ele, mesmo se fizesse uma trilogia como a do “Poderoso Chefão”, não seria suficiente para tantas histórias. Figa, pé de pato, mangalô três vezes! A sua sugestão seria uma série como a extraordinária "ROMA", da HBO, com temporadas a perder de vista, o que não seria nada mal, mas não teria o mesmo impacto. Pelo menos, pra mim.

A pretexto de divulgar o seu livro aqui no blog, pedi a Claudio Willer que me respondesse três perguntinhas inocentes. Juro, não tinha maldade nenhuma nelas. Bem, mas, como vocês poderão ler, quem pergunta o que quer...
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Em linhas gerais, os beats foram vagabundos que deram certo?
Nem todos, né? O Kerouac morreu na miséria e de alcoolismo, Cassady se autodestruiu...

Quem seria uma figura beat, nos dias de hoje? A Amy Whinehouse, por exemplo?
Não. Beat é movimento literário, movimento de poesia. Não vamos confundir com cultura pop, embora a cultura pop deva muito à beat.

(só para vocês não acharem que eu viajei completamente na pergunta, veja o que diz um dos trechos do livro dele: “A beat foi sonora. Tem discografia, e não só bibliografia” p.13).

Sobre a crítica em relação a eles, não esquecem o lado da literatura e focam sempre nas suas vidas, na sexualidade, no radicalismo político, naquelas histórias todas?
Está cheio de crítico preconceituoso e preguiçoso por aí. A questão é ler direito. No que eu li e mostrei (na palestra) uma série de coisas ficaram claras.
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Então, tá. Vou ficando por aqui. Em breve, apareço com novidades. Abração!

domingo, 16 de agosto de 2009

A VIDA COM MAIS LEVEZA

A arte digital de Liana Timm

Cadê a lei anti-lixo nas calçadas?

Fazendo aquele charminho inútil

Meu recreio deve terminar, em breve, mas foi muito bom dar uma parada, descansar um pouco, fazer coisas diferentes. Voltei a São Paulo, bem mais tranquilo, pude assistir em casa a filmes que tinha vontade, mas nunca sobrava tempo, li minhas revistas, e ainda consegui dormir bastante, papear despretensiosamente com amigos, ir ao cinema, etc. O post vai adquirir um tom de "diário de férias" mesmo. No próximo, capricho mais. Vamos lá.
Em São Paulo, passeei pela Paulista, num domingo de sol maravilhoso. Parei na Fenac e me surpreendi, mais uma vez, com o encolhimento das revistas. Na feirinha do Triannon, reencontrei o querido Lucius de Mello e batemos um papo a caminho da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional. Fui depois até a passagem subterrânea que liga a Paulista à Consolação, um lugar que ganhou agora uma galeria de street art e decoração novas. As paredes que cercam as escadarias estão estampadas com várias imagens de ícones da cultura pop. Adorei e recomendo. Saindo de lá, caminhei pela Consolação até o Centro e fui registrando o que me interessava. Perto do Cemitério da Consolação, vi um mendigo dormindo na sarjeta, quase beijando o asfalto. Os carros que passavam por pouco não o engoliam. Fiz um videozinho e postei no YouTube, no meu canal, /luisfabianoteixeira. De cara, vi ali o meu protesto contra essa sem-vergonhice que tomou conta do Senado. Quem quiser é só ir lá e conferir. Aliás, tenho gostado muito de fazer vídeos, é mais inteligente do que ficar pendurado no Twitter repercutindo coisas sobre si mesmo ou outrem. Já vi lá até alguém chamando o Orkut de bagaceira, quando no próprio Orkut do cara tá ele divulgando o link do seu Twitter. Pelo menos, vamos ser coerentes, né? Outra coisa interessante que encontrei, na rua, foi um raio-x de um pulmão. Isso mesmo, um pulmão. Inusitado, né? Ou seria algum protesto ou manifestação a favor da lei antifumo? Vai saber. Exposição mesmo só vi "A Arte Digital e a Nova Fronteira", de Liana Timm, no Espaço Cultural Citi, que eu até gostei, mas não me tocou muito.
Meu amigo Felipe me emprestou alguns filmes bem bacanas de sua coleção particular. “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” não mudou a minha vida, como sugere o texto do DVD, mas vai direto para a categoria “fofo com louvor”. A linguagem não é tão inovadora assim, o Jorge Furtado já tinha feito isso, sem fantasiar, na década de 80, com o seu icônico “Ilha das Flores”. Mas vale a pena conferir, sobretudo os fracos de coração como eu. Já “Oldboy” é um daqueles filmes pós-Matrix que ainda surpreendem, só preciso revê-lo, para poder captar com segurança a sua atmosfera. E fui assistir, com um amigo, “Brüno”, do debochado Sacha Baron Cohen. Não tinha visto ainda “Borat”, porque esse tipo de humor não é o meu favorito, mas resolvi apostar em "Brüno" e não é que acertei? O filme tem sacadas ótimas. Às vezes, claro, pega pesado, mas é bem divertido. Eu, que já tive a minha passagem-relâmpago pelo mundo da moda, posso afirmar que o que ele critica no filme tem lá o seu fundo de verdade. Muitas pessoas se comportam exatamente daquele jeito. Lamentável, mas é verdade. No ano passado, escrevi aqui a série “OS EGONAUTAS” que tinha uma pegada de humor semelhante. Quando Brüno cita, como o fim da picada, ter meia dúzia de gatos pingados no Myspace, imediatamente me lembrei do meu personagem Cadu. O estilista Walério Araújo não curtiu, li no G1: “Não sei se meu senso de humor está amargo, mas achei pouco engraçado”. Já o André Fischer foi mais simpático, em seu blog: “Mesmo causando em um certo momento a sensação de que está se alongando demais, não há dúvida: é um filme imperdível”. Quem quiser deixar a sua impressão, fique à vontade.

Vou ficando por aqui. Hoje, ainda passo na Pinacoteca de Santos pra conferir, mais uma vez, o belo “Clarice Lispector: Roteiro do Insondável”, do enfant terrible Flávio Viegas Amoreira. Abraços e beijos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

POPCORN CHEGOU!






Enfim, POPCORN nasceu. Cinco meses depois, estou aqui para falar da experiência única que é a realização de um sonho como esse. Quando imaginei essa exposição, e vocês acompanharam esse processo desde o início, por aqui, pensei que ela fosse agradar porque era muito leve, divertida, um refresco para os olhos, nesses tempos bicudos de crise financeira, gripe suína e por aí vai, mas não queria fazer maiores previsões, mesmo porque estou apenas começando. E, depois, quem trabalha com arte, seja qual for, sabe que tudo pode acontecer, de se perder pelo caminho até a chegada gloriosa ao paraíso. Mas, presenciando a reação das pessoas, ontem, ouvindo as palavras de carinho, captando aquela atmosfera de arte como doação mesmo, é muito diferente, é bem melhor.

A montagem da exposição não foi tão fácil, consumiu um pouco da minha energia e do meu bom humor, mas estou numa fase em que nada me tira do sério por muito tempo. Segui da Piola direto para a rádio Litoral FM, em São Vicente, era o último compromisso de divulgação, antes da abertura. De ouvinte do 4 Ases e 1 Coringa (programa que recomendo, vai ao ar toda segunda às 19h:00, reprisa às terças, à meia noite), passei a ser um dos convidados e, confesso, é uma das experiências mais estranhas e divertidas que já vivi. Embora cansado, um pouco aéreo, falei do meu processo criativo, do meu trabalho como autor teatral, fiz agradecimentos gerais, mas o tempo inteiro observando, tentando entender aquele mecanismo, muitas vezes, até imaginando se uma radionovela da Janete Clair teria ido ao ar daquela mesma forma. E tem outra, falou besteira, já era. Devo ter falado algumas rs. Sorry.

Na volta pra casa, fiquei perambulando pela praia. Uma sensação de liberdade, de alívio, mas também uma pontinha de tristeza. Os quadros ganhariam outros olhares, seriam atrativos para outras pessoas, eu já não estaria por perto para uma pincelada de socorro, caso alguém espirrasse molho de tomate neles. Ninguém pra me ouvir. Oh, vida! Quem me entenderia também? O meu quarto vazio, apenas restos da bagunça do dia anterior. Tive vontade de chorar. Acordei, às cinco da manhã, enviei um e-mail pra um amigo artista plástico, mas só me acalmei com o telefonema dele, horas depois.

A abertura passou voando. Tive que me dividir bastante, mas ninguém se chateou, ninguém fez cara feia, ninguém deu vexame, foram só sorrisos. Vieram amigos de São Paulo, familiares do Guarujá, amigos da faculdade, professoras do colégio, pessoas que eu conhecia só de vista ou de ouvir falar... Fiquei muito emocionado ao receber os cumprimentos do maestro Gilberto Mendes, do querido jornalista e escritor Lucius de Mello, cuja biografia da Eny foi escrita por ele e que eu adoro, do Paulo von Poser que me deu tanta força, desde o início, do escritor e crítico literário Flávio Viegas Amoreira, que escreveu um texto lindo sobre mim e que está no perfil do blog e do Toninho Dantas, do Curta Santos, que deu um rasante, mas não deixou de conferir. Muito obrigado a todos pelo carinho e pelo respeito ao meu trabalho. Sem contar os telefonemas que recebi, durante o dia, os e-mails carinhosos, depoimentos no Orkut, etc.

No dia seguinte, ainda gravei uma pequena participação no Programa JB, da TV Santa Cecília. É um programa tipo Amaury Jr. O João Bernardo é um querido, foi um dos primeiros incentivadores do meu trabalho aqui no litoral, uma das pessoas também que me sugeriram fazer uma exposição em Santos. Descobri com a experiência da TV que não quero ser pop, dá muito trabalho rs. É sério, não quero bancar o “famosinho”, mas estou cada vez mais convencido de que não basta apenas a sua arte, leva-se em conta também a imagem do artista, isso é bastante controverso, mas é assunto para um outro post. Aproveito, então, para agradecer também ao Eduardo Caldeira, da Piola-Santos, a mídia local que cobriu muito bem o evento, aos colunistas que leram o release, que deram notinhas amigas, enfim, a todos que batalharam junto comigo para que a abertura ficasse bem cool e fosse um sucesso. Obrigado mesmo.

Agora é continuar trabalhando e tentar levar POPCORN, para outros lugares. Vou ficando por aqui, deixo vocês com o videozinho da abertura. Nos próximos dias, tenho muitos blogs pra visitar, tempo pra twittar mais, enfim, ficar mais na net que eu já estava com saudades. Abração!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

POPCORN


Passada mais que rápida para postar o release da minha exposição e pincelar um assunto ou outro, para não ficar tão em dívida por aqui. Continuo trabalhando a todo vapor, para tudo dar certo no dia 04/08. Mas não está sendo muito fácil com esse frio todo. Há momentos em que só penso em dormir, dormir e dormir. Mas, enquanto o dia da expo não chega, sigo com a minha deliciosa rotina de operário padrão.

Assisti, na semana passada, a um filme excelente, “Morte em Veneza”, de Luchino Visconti, baseado no livro homônimo de Thomas Mann. Gostei tanto que pretendo assisti-lo mais vezes. Sem estragar a surpresa de quem pretende fazer o mesmo, o filme gira em torno da “força destruidora da beleza”. Artistas, em geral, devem se identificar bastante com ele.

Como adoro revistas, não poderia deixar de indicar também dois títulos bem diferentes que chegaram às minhas mãos, “Brasileiros” e “+Soma”. A primeira lembra um pouco a “Senhor”, com aquelas entrevistas intermináveis, imagens sofisticadas, etc. Para ser completa, bastaria um espaço dedicado à ficção. A segunda é mais underground, porém muito bem cuidada, com entrevistas bem interessantes, muita arte urbana e provocações. Há também um espaço para quem quiser colaborar com a sua arte. Consegui a minha na Galeria Mônica Filgueiras, a distribuição é gratuita. Aliás, lá, está acontecendo uma ótima exposição de esculturas do Florian Raiss, que conheci momentos antes, num athelier de cerâmica em Pinheiros.

“Som e Fúria” ainda não me pegou, mas vamos aguardar os próximos capítulos.

Segue o release, para vocês irem se inteirando com a minha exposição, depois volto com algumas imagens dos quadros também. Abração!!! E a vida segue gelada por aqui.
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POPCORN
Exposição de Luis Fabiano Teixeira, de 04 a 23 de agosto de 2009.
Abertura: terça feira, 04 de agosto de 2009, às 19h30.
Pizzaria Piola
Rua Timbiras, 17
Gonzaga - Santos

O livro “Mitologias” do semiólogo francês Roland Barthes foi a inspiração para POPCORN, a primeira individual do versátil artista Luis Fabiano Teixeira.

A exposição apresenta clássicos da iconografia pop, como James Dean, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Pelé e Gisele Bündchen, mas não se atém apenas a eles, há também referências às obras de Clarice Lispector, Cartola, Vicente de Carvalho, entre outros. Vinte obras que nos convidam a pensar na forma imperativa de significação da imagem.

“O que me fascina na Pop Art e na arte urbana, de modo geral, é o apelo imediato de identificação, é a verdadeira arte para todos” – explica o artista.

Destacam-se também os quadros provocativos e bem humorados sobre o universo das celebridades. “Não dá pra imaginar Pop Art sem humor”, argumenta. Ele também confirma o seu olhar atento a questões sociais, ao ilustrar na obra “No Racism” uma homenagem a Lorraine Nesane, garota sul-africana que foi pintada de branco, aos 15 anos, depois de ser acusada de furto em loja de Louis Trichardt, cidade ao norte da África do Sul, em agosto de 2000. “Não quis usar o branco, que é tão marcante em meu trabalho, em sinal de protesto mesmo. A diversidade de cores simboliza pra mim um mundo sem intolerância e no qual eu acredito”, conclui.

POPCORN é uma alegria para os olhos, mas não é só isso, basta conferir.