sábado, 30 de janeiro de 2010

AMPLEXOS CONFUSOS


Enfim, consegui assistir ao filme “Abraços Partidos”, o mais recente do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, de quem sou fã, mas não achei exatamente uma obra-prima. Almodóvar é, na minha opinião, o melhor cineasta em atividade. Podem até torcer o nariz, mas, por enquanto, nada me convence do contrário. Criativamente, ele ainda consegue tirar leite de pedra, com o diferencial de que agora há um nível de sofisticação em seus filmes que beira os padrões de Hollywood. Ao mesmo tempo em que ainda existe muita inquietação neles, a estética que o consagrou está cada vez mais desbotando. Confesso que tenho saudades daquelas imagens absurdas como as de “A Lei do Desejo”, mas os tempos são outros, as necessidades de mercado idem.


Embora reconhecido como um exímio criador de mulheres extravagantes e dramáticas, em “Abraços Partidos”, Almodóvar se debruça no seu melhor personagem masculino, o cineasta e roteirista Mateo Blanco, muito bem interpretado por Lluis Homar. Quem já está acostumado ao seu universo sabe o quanto seus roteiros são cheios de “viradas”, por isso vou tentar não estragar nenhuma surpresa. Aliás, esse tem sido um pedido recorrente do diretor em algumas de suas entrevistas: Por favor, não tirem o prazer do público. Não revelem nada”. Não é fácil, mas prometo tentar.


Mateo Blanco, antes de ficar cego e adotar o pseudônimo de Harry Caine, se apaixona por Lena (Penélope Cruz), uma ex-garota de programa e aspirante a atriz que protagoniza seu último filme, “Garotas e Malas”. Até aí nada demais, se a película não fosse financiada pelo velho milionário Ernesto Martel (José Luis Gómez), com quem Lena é, de certa forma, casada. Prestem atenção, mais uma vez, a metalinguagem, o filme dentro do filme, exatamente como em “Má Educação”. Quando o milionário descobre a pulada de cerca da mulher e ela escolhe viver com o diretor amante, ambos são severamente perseguidos. Tudo no maior estilo, sexo, traição e viodeotape.


O que teria prejudicado, então, este que já é o mais complexo filme de Almodóvar? Sem dúvida, o excesso (excesso mesmo!) de elementos surpresas no roteiro e a mistura arriscada dos gêneros noir e melodrama. No desespero de não perder nenhum detalhe, o espectador pode facilmente se irritar, ligar o automático e deixar para trás diálogos saborosos como só Almodóvar sabe escrever, a fotografia que é belíssima (a melhor de todos os seus filmes), a trilha cool... Sem contar que o filme traz citações a Felini, Visconti, retoma as origens cinematográficas do próprio Almodóvar, flerta com a Pop Art,... Já não basta o Google???


“Abraços Partidos” também não possui grandes interpretações. O papel da Penélope Cruz, por exemplo, embora grande, tem uma função mais plástica do que dramática. Neste aspecto, Blanca Portillo, que interpreta a mal amada Judith, a agente de Mateo Blanco, leva a melhor. Mas, com todos os tropeços, felizmente, o pior também não acontece, a perda completa da mensagem do filme: o olhar devastador do outro sobre a intimidade alheia. Nada mais atual e, portanto, merecedor da nossa atenção.


Termino agradecendo publicamente ao Jay e Alê, do Ká entre Nós, pela entrevista que fizeram comigo e que saiu no blog deles, com uma excelente repercussão. Por causa dela, ganhei novos amigos blogueiros e vários comentários aqui, no meu Orkut, Facebook, enfim, nem eu mesmo esperava esse alcance. Obrigado mesmo, meninos! Já agradeci os demais em seus respectivos blogs e aproveitei também para conhecer um pouco o espaço de cada um. Bem, vou para Salvador amanhã e tento postar as novidades de lá. É isso, a vida segue agitada. Abração!!!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PARABÉNS, Sp!








Hoje é aniversário de São Paulo e eu não poderia deixar de homenagear, de alguma forma, essa cidade que eu amo. Não conheço outro lugar do Brasil onde eu me sinta tão bem. Há muitas razões para isso, certamente pesa o fato da cidade respirar arte e cultura, mas o que me atrai mesmo é a sua capacidade de agregar tantas pessoas diferentes. Quem se apaixona por ela dificilmente a troca por outro lugar. Pode passar uma longa temporada fora ou simplesmente um verão, mas sempre volta, porque sabe que vai encontrar lá alguma coisa nova ou a certeza de que vai ser acolhido novamente. E nada melhor do que as imagens falarem por si, por isso selecionei as melhores que fiz, ao longo dos últimos anos, em diversos pontos da cidade. Uma delas, a da Estação da Luz, está, hoje, na galeria do site Colherada Cultural. Então, parabéns, Sampa!!!

sábado, 23 de janeiro de 2010

PENSE NO HAITI


Bill Clinton, em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, disse uma frase que vale muito a pena repetir aqui: "Não desistam do Haiti como se fosse uma causa perdida". Concordo plenamente. Aliás, o Brasil nunca esteve tão envolvido em uma causa humanitária, no Exterior. Parabéns ao presidente Lula, por essa iniciativa. Cada um ajuda como pode, por isso desenvolvi essa estampa (foto) e pretendo fazer uma camiseta pra mim, mas, caso alguma empresa queira comercializar e a renda for para aquele país, é só falar comigo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ESBOÇOS DA CIDADE

Fala-se de "Clarice," a biografia de Benjamin Moser

"De Dentro pra Fora, De Fora pra Dentro", exposição de forte apelo popular

A Bahia sob o olhar de Lita Cerqueira

"Cerco", a ousada arte do português João Sarmento

Onde está "Wally" em frente à Galeria do Rock?

Estive em São Paulo durante a última semana, mas não foi possível postar de lá as novidades, por isso o faço agora. Antes de qualquer coisa, fica aqui a minha solidariedade ao povo do Haiti. Soube do terremoto, na terça-feira, de madrugada, quando fui fazer um lanche com amigos, na Bella Paulista, uma casa de pães que funciona 24 h, perto do hotel onde estava hospedado. Fiquei bastante comovido e me impressionou aquela imagem de uma menina, se não me engano com uniforme escolar, chorando em desespero. Infelizmente, teve ainda a morte de Zilda Arns, uma pessoa tão generosa, que pensava sempre no próximo. Enfim, foi realmente muito triste. Até ontem, no desfile da Cavalera, no centro de São Paulo, os fotógrafos ainda comentavam entre eles quem tinha sido escalado para cobrir a tragédia e o medo de estar lá e acontecer um novo terremoto. Resta agora torcermos para que o país, que já era exemplo ímpar de miséria nas Américas, consiga se reerguer e que outros países como Brasil, França e Estados Unidos também o ajudem na reconstrução. Sim, porque as perdas humanas são irreparáveis, mas a vida tem que continuar, né?

A minha prioridade era acompanhar o circuito cultural e me divertir um pouco, vindo de dias preciosos de ócio aqui no Guarujá. Com mais tempo, pude ir aos lugares com mais calma, passando mais tempo e registrando, sempre que possível, tudo o que me interessava. A minha primeira parada cultural foi no MASP. O museu está com ótimas exposições, uma de retratos, outra de esculturas no vão, fora aquele acervo maravilhoso, mas a que chama atenção mesmo é “De Dentro pra Fora, De Fora pra Dentro”, expo de street art, no lindo e, enfim, bem aproveitado subsolo. Tirei algumas fotos, embora não fosse permitido. As pessoas estavam loucas pra registrar. Aliás, a cidade está tomada de street art e pichação. Há uma intervenção urbana com a frase “Mais amor, por favor” que vi em vários lugares, a caminho do hotel.

Passar um sábado no centro é um programa imperdível e, se o tempo estiver ensolarado, melhor ainda. Na Pinacoteca, a exposição que me encantou mesmo foi “A Fotografia como Eu Sou”, de Lita Cerqueira. Imagens extraordinárias de moradores da cidade de Cachoeira – BA, com destaque para seus ricos personagens pitorescos e folclóricos. Um gringo, que tirou a minha foto, estava fascinado! Atravessando a rua, no Museu da Língua Portuguesa, a exposição era sobre a poetisa Cora Coralina. Simples e tocante. Um pouco mais à frente, na Estação Pinacoteca, vale a pena conferir “Elegância em Tensão”, do português João Sarmento. As imagens podem chocar os mais puritanos, mas eu ainda vejo alguma delicadeza na forma como ele explora a nudez.

Fui praticamente a quase todos os sebos do centro da cidade e pude constatar que quem está em alta é a escritora Clarice Lispector, tudo por conta da excelente biografia “Clarice,”, de Benjamin Moser (que estava esgotada na Fenac da Paulista e já é meu presente de aniversário rs). Tudo que diz respeito a ela está inflacionado. Fuçando muito, consegui comprar duas edições raras de seus livros. Num sebo próximo à Sé, garimpei uma Bravo!, de 97, com uma extensa matéria de capa sobre ela, por conta dos 20 anos de sua morte. Outros achados foram obras do artista plástico Beto Guilger. Ele pinta pequenas aquarelas e deixa em locais públicos para que as pessoas levem pra casa. Trouxe três, uma pra minha amiga Fernanda. Outro dia, saiu até uma matéria sobre ele, no Urbano, aquele programa de cultura urbana do canal a cabo Multishow.

E, pra fechar a semana com um certo entusiasmo, fui à The Week, que eu ainda não conhecia. Ouvi dizer que a casa vai fechar. Será??? Bem, achei bonita, as pessoas idem, mas precisa tanto “carão”?, a música é ótima também, mas de tão lotada fica quase impossível dançar sem ser incomodado. “Bad Romance”, de Lady Gaga, ajudou bastante a compor a atmosfera de ilusão, a que, sem prejuízo, nos permitimos nessas noites. Quando estava lá, me lembrei logo de um filme argentino chamado “Mentiras y Gordas”, que sintetiza muito bem a forma como muitos jovens se “divertem” nas baladas, com a falsa sensação de que estão preenchendo um vazio.

No outro dia, pela manhã, ainda teve o desfile da Cavalera, o primeiro da SPFW, no centro, na Galeria do Rock. Cheguei cedo e cansado por conta da noitada, mas queria ver a querida Aline, uma linda atendente de uma loja de tattoos da própria Galeria, que conheci no dia anterior e que fazia parte do casting. Roubei uma foto do site OnSpeed que mostra exatamente onde eu estava, antes da abertura. Não vou dar dicas, quem descobrir primeiro ganha um presente surpresa.

Os filmes a que assisti vou postando depois, separadamente, para este post não ficar mais bagunçado do que já está. Agora é voltar ao batente cheio de inspiração, porque a vida segue sorrindo. Abração!!!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

ANDAR COM FÉ


Olá, pessoal! Feliz 2010! De volta, depois de uma curta temporada longe do Blog. Ah, antes que eu me esqueça, obrigado pelos lindos comentários, no último post. E este ano promete, né? As revistas e jornais não se cansam de dizer que 2010 será o ano das oportunidades, no Brasil. Tomara. É bacana já começar um novo ciclo com esse entusiasmo todo, com essa energia boa. Mantenho os meus pés firmes no chão, mas não vou me render ao coro dos pessimistas, também acho que este ano vai render e muito.




Sei que o post vai adquirir um tom de redação escolar como “Minhas Férias”, mas é só o esquenta para o que vem de bom por aí. Não se preocupem, vou fazer um resumão. Na hora da virada, aconteceu algo bem inusitado. Nos perdemos antes de chegarmos ao calçadão, isso faltando 20 minutos para a meia noite. A minha família se dividiu e eu fiquei numa esquina, exatamente no meio. Comecei a ligar desesperadamente para o meu irmão mais velho e nada. O relógio correndo. Os fogos já estourando no céu. Aquele empurra-empurra. A faixa de areia completamente tomada de gente. Faltando 1 minuto para o novo ano, todos se reencontraram misteriosamente ali na esquina e nos cumprimentamos. Foi emocionante. Como faço todos os anos, fiz os meus pedidos de sempre e mentalizei só coisas boas.


Choveu muito depois da queima de fogos e nos dias seguintes também. Apesar de ter frustrado muitos de nossos amigos paulistanos que recebemos em nossa casa, também serviu para criar um clima de aconchego. Pudemos conversar mais, rir bastante com o DVD da "absoluta" Stefhany (aliás, nunca vi nada tão tosco em toda a minha vida), comer guloseimas deliciosas preparadas pelo meu pai e, como ninguém é de ferro, também ir a uma balada na Ilha Porchat, em São Vicente, com direito a um after hours, no quarto do meu irmão, ao som da nostálgica “Alone”, da Maya. Às 7 da manhã, cruzávamos Santos com a orla coberta por uma chuva bem fininha, ninguém estava cansado, pelo contrário, vínhamos cantando, todos felizes. Lu, Celi, Wagner e Alex, obrigado por esse dia inesquecível!


Também tive a felicidade de receber por aqui o meu amigo Flávio Michelazzo, que mora em São João da Boa Vista e estava passando férias em Santos. Fazia um tempão que eu não o via e foi ótimo matar a saudade e ciceroneá-lo pelas praias do Guarujá. Ele modera várias comunidades de novelas no Orkut e é superantenado com tudo que acontece no meio artístico e os nossos papos rendiam muito. Fomos até o Pernambuco, um bairro bem distante da cidade, na praia onde foram gravadas as cenas de abertura de “Vende-se um Véu de Noiva”, uma novela que termina amanhã no SBT. Lá, fiz uma imagem linda ao final da tarde, exatamente quando uma moça se banhava. Pra mim, já é a imagem mais bacana que fotografei até hoje.

E, para deixar as minhas férias ainda melhores, ganhei um livro lindo de poesias do meu amigo Paulo Henrique, do blog “Tenho opinião, logo existo”, que eu adorei. Depois quero escrever sobre ele aqui, chama-se “Aos Vivos”, de Bento Nascimento, um poeta que eu não conhecia. E é com “Amanhã é Sábado” que me disperso de vocês, mas já reafirmando o meu compromisso de tornar esse espaço, em 2010, cada vez mais agradável, informativo, interativo e, claro, divertido. “Hoje me alegro, descanso e me solto, o mundo dá voltas e volta a mexer comigo. /.../ Não mudei, continuo o mesmo da semana passada, com os mesmos pensamentos, os mesmos discos e quadros na parede”. Abração e a vida segue solar!