sábado, 11 de junho de 2011

HOMOFOBIA FORA DE MODA

Lambendo a cria


Estive ontem, em São Paulo, no Parque do Ibirapuera, numa passagem relâmpago e GÉLIDA pela 29ª Casa de Criadores, um evento de moda já tradicional na cidade, cuja missão é descobrir novos talentos pra moda brasileira. Assim que soube que eles estavam promovendo um concurso chamado Homofobia Fora de Moda, a minha amiga e leitora deste humilde blog, Angélica Oliveira, sugeriu que eu participasse. Estava cheio de trabalho por conta do curta-metragem novo, mas, mesmo assim, criei o conceito da minha estampa numa madrugada de sábado para domingo e enviei. O concurso buscava uma imagem ou estampa que fosse símbolo de uma campanha contra a homofobia. Segundo o site do evento, foram 122 inscritos e 30 selecionados para a final. Fiquei entre os 30, mas até o momento não sei quem ganhou, provavelmente não levei porque a minha imagem era uma das mais discretas, mas, mesmo assim, foi bacana ver que algumas pessoas paravam e apontavam a camiseta curtindo a minha ideia, que foi toda inspirada na teoria da evolução das espécies de Darwin. Eles pediram também um texto explicativo sobre a minha inspiração, o qual reproduzo abaixo. Seja lá quem tenha ficado com as primeiras colocações, fica aqui os meus sinceros parabéns. Principalmente as secretarias de cultura do Estado e da cidade São Paulo e ao André Hidalgo da CdC por essa iniciativa bacana.


“Trata-se de uma clara alusão àquela imagem da evolução natural das espécies, de Darwin. Quis mostrar que o gay já nasce gay e vai ser sempre assim e que isso é natural. Se o Homem evoluiu como espécie, precisa também evoluir a sua forma de pensar, de agir, acompanhar as mudanças do seu tempo. Simplificando: a imagem tanto pode ter uma mensagem de autoestima ao dizer aos gays que não se aceitam, “se deixem ser”, como também fazer um protesto, uma provocação saudável aos homofóbicos de plantão, “evoluam o seu pensamento”. Tudo isso de forma leve, com um certo humor e uma pegada pop. Vale lembrar que tanto gays quanto a famosa teoria de Darwin sofrem até hoje resistência de algumas religiões”.


Não é demais dizer que ninguém é obrigado também a concordar comigo. Cada um, cada um. Bem, terminado este pequeno merchan, não posso esquecer de desejar a todos um feliz dia dos namorados, amanhã. E, pra quem ainda está solteiro como eu, a dica é a mesma de sempre, aquela que está no encarte do CD “O Chamado”, da Marina: “acreditar e amar até o fim”. Vou ficando por aqui porque este final de semana vai ser cheio de trabalho. Abração!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

DE VOLTA

Numa pausa das gravações de "De Corpo e Arte"

Faz algum tempo que não consigo postar aqui. Não por falta de vontade, mas por falta de tempo e energia mesmo. Gravando o meu segundo curta-metragem, "De Corpo e Arte", e novamente no estilo “faça você mesmo”, estava impossível parar e organizar algumas ideias. Tantas coisas aconteceram nesse período e eu nem pude dar os meus pitacos costumeiros, mas uma delas, imediatamente, me chamou atenção e eu achei que valia a pena o registro no momento (com um certo atraso, mas tudo bem): a passagem da ensaísta ítalo-americana Camille Paglia pelo Brasil.
A primeira vez que ouvi falar dela foi numa entrevista que a Marília Gabriela fez, se não me engano com a Madonna, onde o assunto deveria ser feminismo. Pesquisando na internet, descobri que ela escreve frequentemente sobre cultura pop e arte em geral e o seu jeito franco e polêmico tanto agrada quanto irrita as pessoas. Há duas semanas, num congresso internacional de jornalismo cultural, em São Paulo, ela metralhou a Lady Gaga, rebaixou a ensaísta Susan Sontag – no que eu discordo –, atacou o puritanismo, brincou com o próprio fato de gostar de pornografia e ter vindo de uma família cristã – assim como Madonna e o fotógrafo Robert Mapplethorpe , se disse apaixonada por música brasileira, fã de Daniela Mercury e Elis Regina, etc... No entanto, o que escolhi pra comentar não tem nada a ver com essa salada verborrágica, mas, sim, uma entrevista que ela concedeu ao jornal Folha de S. Paulo, dias antes de embarcar para o Brasil. Nessa entrevista, ela afirma que a internet empobrece a cultura. De cara, achei o assunto bastante espinhoso e fui correndo conferir o seu ponto de vista.
Selecionei apenas dois trechos, porque a entrevista é longa. “Não estou contente sobre o que está acontecendo no mundo das artes, da literatura. Há uma grande mudança geracional. Jovens estão mergulhados na tecnologia e na internet, se comunicando por mensagens no celular, no Facebook, Twitter, o que tira muita energia criativa das artes tradicionais. / O que acontece é que desde que a web foi globalizada, há um vazio. O tipo de imagens que vêem na tela não têm a mesma qualidade das imagens da história da arte, imagens a óleo”. Levei então o assunto para o set e a discussão se polarizou. Eu mesmo defendi que a internet realmente tem promovido um certo vazio cultural, mas, por outro lado, ela possibilitou o surgimento e a promoção de novos artistas e democratizou o acesso às formas mais variadas de arte. O que vocês acham? Pra mim, tudo depende de uma questão de bom senso mesmo, como tudo na vida, mas é claro que existe, sim, uma mudança negativa no comportamento das pessoas, depois das redes sociais. E nem estou falando só da exposição nossa de cada dia, na rede. A própria Folha de S. Paulo, cujo site sempre acompanho, passou a noticiar também as maiores banalidades do showbizz. Outro dia, por exemplo, me assustou o fato de um trocadilho infame da apresentadora Ana Maria Braga ter virado notícia de destaque. Depois saberia que o assunto tinha sido um dos mais comentados no Twitter.
Nem é preciso dizer que alguns artistas aproveitam também as redes sociais e blogs para criarem polêmicas ridículas. Também, há pouco tempo, o cantor Ed Motta disse meia dúzia de bobagens, no seu Facebook, sobre a falta de beleza do povo brasileiro. Claro que ele tem todo direito de ter aquela opinião deselegante, mas será mesmo que ele não imaginava que aquilo iria virar notícia? Que teria aquela repercussão? Bem, exemplos assim não faltam. O pior é que, por mais que você tente se desviar desses assuntos, eles sempre acabam tropeçando em você. Fiquei bem irritado e reduzi as minhas entradas no Twitter, no Facebook, comecei a flertar com Tumblr e parei... Sempre serei um entusiasta da internet, mas, neste momento, estou apenas “apreciando com moderação”, o que não quer dizer também que ficarei longe daqui. Estou voltando aos poucos. Em breve, postarei as novidades do novo curta. Acho que vocês vão gostar! Por enquanto, tentem me aceitar de volta rs. Abração!