quarta-feira, 23 de setembro de 2009

EXTREME MAKEOVER

Porque existem rosas também nos escombros

Centésimo post, pessoal! Achei que o blog merecia uma mudança, aliás, já vinha estudando essa possibilidade, há algum tempo, mas só nos últimos dias é que realmente pude parar, pensar e executar algo bem bacana. Mesmo errando muito no começo, revirando a internet em busca de algo que fosse a minha cara, consegui exatamente o que eu queria, um layout novo charmoso, com um visual atraente, mas sem ser muito chamativo. E esse é ainda todo artsy, inspirado em Mondrian, um pintor holandês que eu adoro, um achado mesmo. Pra mim foi a mesma sensação de reformar o meu quarto ou participar do Extreme Makeover rs. Curti muito.
Estive um pouco ausente por causa da exposição nova (que tá enrolada por falta de patrocínio. Empresários da Baixada Santista, por favor, compareçam!) e alguns problemas pessoais. O cachorro da nossa família, o nosso querido akita Shiro, morreu no domingo passado, depois de uma semana agonizante, entre idas e vindas ao veterinário. Foi um golpe duro, já esperado, afinal ele já estava bem velhinho, mas como não sei lidar com perdas, foi muito doloroso. Em abril, postei aqui um texto que escrevi sobre amizade, “Um Milagre Para a Estrela Azul”, dedicado a ele. Meu irmão Luciano me disse uma coisa linda, por e-mail, que tem tudo a ver com o texto, sem o ter lido: “É mais um pedacinho da gente que vai para as estrelas”. É isso mesmo. Saudades, amigão.

"A Dança", de Henry Matisse, 1910

Cristiano Félix e a bela instalação "Variation"

Como tinha prometido, vou falar um pouco das minhas impressões sobre a exposição “Matisse Hoje”, que fica na Pinacoteca de São Paulo, até 01 de novembro. A cereja do bolo do Ano da França no Brasil, a exposição em si não me empolgou muito. Talvez porque fui exatamente naquele dia em que o céu desabou sobre São Paulo. Pretendo voltar pra tirar a dúvida. Reconheço a importância do artista, claro, ele influenciou bastante a arte moderna, mas saí de lá com a nítida impressão de que faltou algo. A começar pelo quadro dele mais famoso, “A Dança”, de 1910. Não me lembro agora, se esse quadro pertence ao Guggenheim de NY ou ao Hermitage Museum de São Petesburgo, mas custava emprestar? Entre os textos explicativos da exposição, tem uma história do pintor que eu achei o máximo. Matisse, que adorava retratar mulheres, antes de entregar os quadros a elas, dizia: “Se você não gostar, fico pra mim”. Por outro lado, na parte central do museu, há uma instalação imperdível chamada “Variation”, de Céleste Boursier-Mougenot. A obra é composta por três piscinas onde louças brancas em diversos tamanhos flutuam com o movimento da água, produzindo sons ao se chocarem umas com as outras. Além do lado sensorial, que é fantástico, ela também pode inspirar várias leituras. Eu mesmo vi ali esse caminho sem volta que é o individualismo humano, as pessoas sempre se encontrando, se trombando, mas sem tempo umas para as outras, sempre preocupadas em serem felizes a qualquer preço.

Nesse mesmo dia, reencontrei o meu amigo Cristiano Félix que estava passando o feriado de 7 de setembro, na cidade. Como sempre acontece quando nos encontramos, ficamos um tempão papeando. Ele até me indicou um conto lindo do Caio Fernando Abreu, que eu ainda não conhecia, mas que li depois e recomendo, “Uma História de Borboletas”. Por falar em amigos, fiquei muito feliz em saber que o escritor Flávio Viegas Amoreira, recentemente homenageado no 7 Curta Santos, vai colaborar no Blog do Favre, do IG.

Vou ficando por aqui, mas volto logo com um balanço do 7 Curta Santos, fazendo um apanhado geral do evento, das pessoas bacanas que conheci lá, das oficinas e, principalmente, dos filmes do festival. Beijo especial pra minha amiga Lari que me mandou uma mensagem linda no celular, ontem. Abração e até já!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MINUTOS DE FILOSOFIA

Theo Roos, Mona Dorf (a mediadora) e Marcia Tiburi

Nunca fui muito fã de Filosofia, torcia sempre o nariz, quando tinha que estudar a matéria no colégio ou na faculdade, acho até que fui o único da minha turma que não leu “O Mundo de Sofia”, um livro que virou moda, nos anos 90. Mas, no domingo passado, em meio ao feriadão com chuva, fui à Tarrafa Literária, espécie de Flip santista, num bate-papo com o filósofo alemão Theo Roos e a Marcia Tiburi (sim, aquela mesma do Saia Justa), e saí de lá bem animado pra devorar tudo que encontrasse sobre Nietzsche. Já estive em alguns encontros de escritores, assim, mas nenhum foi tão prazeroso. Sem contar que ainda vi o Zuenir Ventura de pertinho.

Theo Roos também é músico e o bate papo foi pontuado por algumas de suas canjas. No repertório, músicas lindas de Van Morrison e Bob Dylan. “Por que uma apresentação filosófica não pode ser como um espetáculo de rock?” – provocou. Ele defende uma Filosofia mais prática, próxima das pessoas. “Temos que nos tornar os poetas de nossas vidas. A arte não é primazia só do artista”, sugeriu fazendo uma alusão àquela famosa frase de Nietzsche, “Faça da sua vida uma obra de arte”. Já a Marcia Tiburi, embora não tão romântica quanto Roos, também defende essa Filosofia na vida real, mas com alguma reserva. “Com Filosofia você só aprende a ser um funâmbulo”, e antes mesmo que todos se questionassem “Que raios vem a ser essa criatura?”, foi logo emendando: “Funâmbulo é aquele que vive na corda bamba”. Ela deixou bem claro que não se pode confundir Filosofia com livros de auto-ajuda e que precisamos aprender a pensar. “Está faltando, no Brasil, a gente dar a cara a bater, criticar, ser criticado, ter coragem de expor idéias. O Brasil do meio intelectual, acadêmico, dos meios de comunicação está muito covarde. Nós estamos muito covardes. O nosso governo é pra lá de covarde e essa covardia tem a ver com o nosso medo do que pode acontecer. Eu acho que vamos ter que enfrentar isso e a linguagem como arma do pensamento lúcido é o nosso caminho desse momento histórico. Nós temos que nos preparar ainda para viver os alcances da arte”, finalizou.

A minha dica para quem quer, como eu, conhecer melhor a Filosofia é Nietzsche, claro, mas vou só comentar uma matéria bem interessante que li numa revista MTV antiga, de nº 50, sobre os “50 imortais da música brasileira”. O texto é de Ademir Correa e chama-se “mora na filosofia”. Ele selecionou e adaptou para uma linguagem moderninha dez teorias filosóficas para a vida prática. O que Nietzsche pensa sobre a vida, por exemplo, tá escrito assim: "Vá à luta, independentemente de quantas vezes você tropeçará no cadarço do tênis desamarrado". Achei um barato. Pra não perder a piada, o meu amigo Flávio Michelazzo, com o seu humor inglês de sempre, me veio com essa: “Não use tênis”. Simples assim rs.

Bem, volto depois com as novidades da minha expo nova, dentro de um coletivo de arte, de Santos, que deve rolar no comecinho de outubro e mais as minhas impressões sobre a exposição “Matisse Hoje”, na Pinacoteca. Abraços e beijos! E a vida segue tranquila.