sexta-feira, 26 de junho de 2009

ADEUS, MICHAEL


Neste exato momento, uma reportagem sobre Michael Jackson está sendo exibida na TV brasileira, centenas de TVs pelo mundo devem estar fazendo o mesmo e os jornais de hoje estampam na primeira página a manchete mais dolorosa sobre o ídolo, a sua morte. Antes mesmo da confirmação oficial, a CNN recebeu cerca de 40 mil comentários em seu site, isso sem contar na avalanche que tomou conta do Twitter: desde notas mornas de pêsames até comentários engraçadinhos e outros tantos bem bizarros. Confesso que nada disso me surpreendeu, afinal tudo na vida de Michael Jackson adquiria esse tom de gigantismo.

Cresci ouvindo e vendo Michael Jackson, por conta do meu irmão Luciano, que é fã do cantor e até adiou a sua vinda ao Brasil, para poder assistir a um dos shows que Michael faria em Londres. O primeiro CD que entrou em nossa casa foi “Dangerous” e depois vieram fitas de vídeo, centenas de imagens e até preciosidades gentilmente doadas por uma querida professora. Todos nós aprendemos a gostar do artista Michael Jackson, por causa dele. Aos quinze anos, dirigi um musical na escola chamado “100 Anos de Emoções” sobre o centenário do cinema e, claro, Michael estava lá. Eu sei que ele apenas flertava com o cinema, mas eu era o diretor e queria ver o meu irmão em cima do palco imitando-o. Era um ato de amor, evidente.

Um dia antes da sua morte, passei numa dessas lojas de departamento e vi um DVD dele a preço de banana. Em segundos, revivi alguns dos melhores momentos da minha adolescência e devolvi o objeto na gôndola pensando: “Quem diria, hein, Michael? Seus DVDs já chegaram a custar uma pequena fortuna”. Quando assisti à notícia pela TV, estava finalizando um quadro sobre Cartola, a apresentadora falava apenas num ataque cardíaco. Corri a um portal de notícias da Internet e estava lá, à queima roupa: “Morre Michael Jackson, aos 50 anos”. Fiquei chocado, não queria acreditar de forma alguma, só conseguia pensar no meu irmão aos prantos. Minutos depois, entrei em contato com ele e de fato ele estava muito abalado. Tentei consolá-lo, prestei a minha solidariedade, mas, no fundo, sabia que nem mesmo eu acreditava naquelas palavras.

De tudo que vi, achei pobre a cobertura da MTV brasileira, apenas clipes no LAB Clássicos. Isso porque Michael Jackson foi quem de fato fez decolar a MTV. Dispensável a entrevista apaixonada da cantora Paula Lima, no “Entre Aspas”, bem como o comentário disfarçadamente maldoso do João Marcelo Bôscoli, no “Arquivo N”: “O Michael é como uma tia que você ama, mas que mora num manicômio e que você vai visitar, de vez em quando”. É preciso ter um certo distanciamento, quando se avalia a passagem de uma dessas figuras brilhantes pela terra. Não quero dizer que ele era acima de qualquer suspeita, pelo contrário, mas prefiro me ater apenas ao trabalho do artista.

Michael Jackson marcou uma época, eu me arriscaria até a dizer que um certo romantismo na cultura pop. Lembro exatamente quando meu pai comprou entusiasmado o LP "Bad", na década de 80, o clipe estourando no “Fantástico”, aquele visual andrógino, aqueles penduricalhos todos, aquele cabelo rebelde... E o Renato Aragão o imitando em “Os Trapalhões”? Hilário. Com exceção de “Invencible”, todos os outros álbuns dele tem pelo menos um hit, uma imagem inesquecível, uma dancinha absurda que gerações inteiras tentaram copiar.

Talvez o seu pior erro tenha sido o de querer sempre se superar. O crítico Arthur Dapieve tão bem o comparou a Truman Capote, que, depois de “A Sangue Frio”, virou uma réplica mal acabada de si mesmo, na tentativa de recuperar o prestígio conseguido com uma única obra-prima. Na peça “Começar a Terminar”, de Antônio Abujamra sobre a obra de Samuel Beckett, ouvi uma frase que é perfeita para este momento: “Artista é aquele que ousa fracassar”. Claro que ela não se aplica, literalmente, a Michael Jackson, mas, mesmo assim, ele continuará na nossa memória como um grande artista.

Mas a vida segue, agora com uma notinha de tristeza. E estou finalizando meus quadros, no final de semana dou uma passada nos blogs amigos. Abração!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

ENQUANTO O AMOR NÃO VEM

"Imaginar é muito melhor que qualquer coisa que eu escreva"

Hoje acordei com vontade de me presentear com um dia totalmente sabático. O frio também ajudou bastante e dormi até mais tarde. Estava mesmo precisando descansar da correria que tem sido minha vida ultimamente. Prometo que o post vai ser mais tranquilo, até porque pretendo postar as novidades e clipagem da peça, só depois. E também porque não quero parecer mais cabotino do que já sou rs.

Ontem fechei a data da minha exposição, a abertura vai ser no dia 04 de AGOSTO, na Piola, em Santos. Foi impossível adiantar para o mês que vem, porque julho é culturalmente morto por aqui. Confesso que no começo não curti a idéia, não porque seja supersticioso, mas depois, pensando bem, até que achei a data legal. Vou ter pela frente pouco mais de um mês para poder me programar, divulgar, etc. Batizei a exposição de POPCORN, porque o tema é a imagem como objeto de consumo, aproveitando um pouco essa vantagem da pop art de ter esse apelo de identificação imediato e inesgotável. A idéia surgiu depois que li um livro do Roland Barthes chamado “Mitologias”, aliás, o recomendo. Tem uma frase dele que eu acho ótima: “A imagem é certamente mais imperativa do que a escrita, impondo a significação de uma só vez, sem analisá-la e dispersá-la”. Hoje em dia tudo é imagem, para o bem ou para o mal. É uma forma também de propor uma reflexão sobre o assunto. E esperem coisas bem diferentes, vai ter desde um quadro com ursinho de pelúcia até uma homenagem a Clarice Lispector, porque arte e preconceito são coisas que nunca combinaram.

Fiz imagens lindas em P&B, na Praia das Pitangueiras, na semana passada. Espero que vocês gostem. Continuo buscando na fotografia a relação das pessoas com o seu espaço. O resultado me surpreendeu bastante, as fotos adquiriram um tom levemente dramático, melancólico, contrastando com a exuberância e a violência do mar, neste fim de outono. Uma curiosidade: na hora em que fazia uma das fotos, uma pomba resolveu dar o ar da graça e a flagrei em pleno voo, a imagem ficou inusitada, linda.

E o dia dos namorados está aí, né? Não vejo a hora de aquietar o meu coração também, mas, enquanto o amor não vem, vou lendo o meu livro “Cem Anos de Solidão”, aliás, dica preciosa da minha amiga Angélica e que estou adorando.

Estou muito feliz com os novos seguidores do blog. Aos poucos, vou conhecendo e visitando cada um. E a vida segue tranquila. \o/

GASTANDO O MAR