domingo, 4 de março de 2012

UM MENDIGO QUEIMADO E A MINHA PATRIA



Assisti, com algum atraso, a uma reportagem sobre a morte de um mendigo queimado em Brasilia, nesta semana. Imediatamente pensei, “Ue, de novo?!?”. Quem nao se lembra do indio Galdino que foi queimado vivo, em 1997, num ponto de onibus, por um bando de babacas de classe media alta do DF? Pois e, mais uma vez a barbarie se repete (no mesmo lugar e provavelmente por criminosos parecidos) e o mais engracado (pra nao dizer igualmente tragico) e que eu nao vi uma misera nota no meu Facebook, o que me leva a crer que “na geleia geral brasileira”, realmente, se “assiste a tudo e se cala”. Estamos, assim, tao voltados para nos mesmos ao ponto de nao protestarmos contra uma coisa absurda dessas ou estamos tao fatigados que preferimos fechar os olhos? Absurdo. Agora passo a alterar, com todo respeito, claro, aquele verso de Patria Minha do Vinicius, e nao digo mais uma crianca dormindo e, sim, “um mendigo queimado e a minha patria”.

1 comentários:

Anônimo disse...

Pois é meu mais bonito amigo blogueiro: Noutra postagem - onde trocamos comentários - falávamos do clima ("cada um pena a sua maneira") mas, sabe? A coisa realmente fica insuportável quando os problemas se juntam, não dão trégua...

É inevitável pensar que "tá tudo ruim"! Como pensar diferente? Até o slogan criado à época do ex-presidente "honoris causa" Lula - cito "sou brasileiro e não desisto nunca" - fica valendo (tomado pelo senso mais sórdido, mais imprestável, mas fica valendo).

Eu há algum tempo postei no Sampa uma reportagem sobre o Galdino. Meu ex-companheiro, quando viu uma foto de Galdino no hospital, todo queimado, achou ruim comigo, dizendo que aquilo era feio de ver.

Sim, pois não é? É horrível de ver, mas tem algo que a mediocridade não alcança: Só VIMOS aquilo PORQUE ACONTECEU.

Tem de doer, sim, porque nós (eu, incluso!) somos um bando de mansos, uma corja covarde, conivente... E uns poucos vão além, execráveis no seu egoísmo pois SEQUER conseguem SENTIR: "Cada um na sua"; "O que se vai fazer?"; "Antes ele do que eu".

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