segunda-feira, 13 de março de 2017

SEREIOU

Olá
Estou indo pra Heiloo e no caminho escrevo sobre a série nova que tem o título provisório de Sereiou. Já faz quinze dias ou um pouco mais que comecei essa série de colagens novas, então posso falar com mais consciência sobre o que estou criando, apenas agora. O tema é basicamente o que temos acompanhado na mídia, de uns tempos pra cá: empoderamento das mulheres, negros e gays. O básico é isso. Resolvi usar como imagem de desconstrução, dessa vez, a sereia. Por quê? Não tem nada a ver com a nova novela da Globo. Já adianto. Quando eu tinha uns 11 ou 12 anos, me lembro de ter visto uma imagem de uma sereia linda num gibi da Mônica. Reproduzi esse desenho num trabalho de escola e essa imagem nunca me saiu da cabeça. Outro dia, estava passeando em torno da feira da Waterlooplein, no Centro de Amsterdam, e na vitrine de uma loja de chocolates, vi a imagem pueril de uma sereia sendo levada nos braços por um marinheiro. Fiquei encantado e passei ali alguns minutos admirando aquela belezura. Me senti a própria Holly na vitrine da Tiffany kkk. Era a confirmação. Fazia um ano que não pintava ou colava, pois bem, a hora chegou. Estou divagando, mas o fato é que essa necessidade bateu fundo e veio como uma forma de me salvar de toda loucura e todo o resto que tem sido morar em Amsterdam, ter a minha âncora aqui e meu coração e minhas emoções no Brasil. Mas voltando... A sereia é pra mim uma imagem de poder incrível, me remete à liberdade, ao mesmo tempo em que simboliza a diferença. Por que não desconstruir essa imagem pra falar de mulheres que querem apenas o seu espaço reconhecido na sociedade? Comecei os trabalhos de forma bem tradicional como sempre faço, fazendo a colagem clássica, as cores e temas básicos, tudo pequeno, porque nao tenho espaço em casa... e fui pirando, pirando... No meio disso tudo, veio o Carnaval e acompanhei algumas discussões que resolvi trazer para as telas: Anitta acusada de apropriação cultural por usar tranças, Daniela Mercury de fazer blackface (oi?) no seu trio, Pabllo Vittar estourando com o hit que diz (Não espero o carnaval chegar pra ser vadia) e por aí vai... Daí eu me pergunto se se apropriar de algo historicamente reconhecido por pertencer a uma determinada cultura é errado? Pra mim, não. Fazendo com respeito e conhecendo de onde aquilo vem que mal tem? As minhas sereias vão ter, sim, cabelos coloridos e rostos multicores. É a minha forma de dizer, o mundo é diferente e faço parte dele. A mulherada vai aprovar, tenho certeza. Acompanhem os próximos posts e saiba mais sobre os bastidores dessa empreitada artística com uma pegada política. Vamos ver aonde vou chegar. Beijão

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