terça-feira, 6 de novembro de 2018

UM PIANO CHAMADO "NASCE UMA ESTRELA"



Sim! Estou de volta. Foram dez anos de blog (como o tempo voa!) e ele já estava meio esquecido, né? Pretendo postar com mais frequência, por aqui, até porque estou numa nova fase da minha vida e escrever sempre foi, entre outras coisas, passar a minha vida a limpo, me reconectar comigo mesmo. Então, vamos lá. Se vão ler ou não, é uma outra história. O que importa mesmo é que o prazer de escrever venceu!

E esse retorno traz, de cara, as minhas impressões sobre um filme que acabei de assistir e que ainda está dando o que falar: A Star is Born (Nasce Uma Estrela), com a Lady Gaga no papel principal e o Bradley Cooper dirigindo e atuando. O filme é um carrossel de emoções, nem sempre muito bem conduzido, mas vou tentar resumir o que eu acho que vale a pena e o que não é tão bom, assim. Mas, claro, isso jamais deve tirar o prazer de vocês de conferirem, ok?

Pra começar, não sou o maior fã de musicais. Mesmo! Mas sendo fã de carteirinha da Lady Gaga e pipocando críticas excelentes sobre o filme, não tinha como escapar. O filme é um remake (o primeiro, se não me engano, é de 1937) e mostra a ascensão de uma compositora insegura, meio desengonçada, chamada Ally (Lady Gaga), enquanto o cantor já consagrado, por quem ela se apaixona, Jackson Maine (Bradley Cooper), se afunda no álcool. Dito assim, parece o maior dos clichês. E é. Mas alguém um dia já disse também que clichês só existem porque funcionam, né? Eu acredito muito nisso.

Vou logo avisando, o roteiro é o grande problema do filme. Fraquíssimo. Enquanto os números musicais, especialmente com a Lady Gaga, são emocionantes e poderosos, falta à história de amor dos personagens alguma coisa, química?, talvez. Claro que a Lady Gaga era o grande trunfo e ao mesmo tempo o grande problema da produção. Como convencer as pessoas de que a Lady Gaga não era a Lady Gaga, né? E eles tentaram. E durante boa parte do filme até conseguiram. Ela aparece mais cheinha, o cabelo natural, pouca maquiagem... O visual causa um certo impacto, pra ser bem sincero, mas a personagem não tem carisma. Canta maravilhosamente bem, mas não tem aquilo que é fundamental para uma estrela. Por causa disso, o filme se arrasta.

Por outro lado, embora o roteiro contenha falhas imperdoáveis, gostei bastante do argumento. Não vi ninguém ressaltando isso, mas é nítido que o filme tem um viés feminista importante e eu diria até marqueteiro, depois de todas aquelas denúncias de assédio na indústria do entretenimento, nos Estados Unidos, com o #metoo, etc. Isso se dá da seguinte maneira: quando Ally começa a ganhar status de pop star, Jack se sente diminuído e a humilha, por pura inveja. É apenas, neste tímido embate, que encontramos as melhores cenas do filme. O resto não contribui muito para a evolução do mesmo. Uma pena.

Vou além. O maior buraco é a falta de motivação dos personagens. Jack passa o filme inteiro, por exemplo, com a cabeça baixa. Chega a dar aflição! Mas não é exatamente esse o problema. Apesar do gestual repetitivo, me interessa mesmo saber de onde vem aquele comportamento autodestrutivo. Não fica claro. Outra coisa, Ally não conseguiu decolar, antes, por que tinha apenas “um nariz grande”? Oi??? No mínimo, poderia ter sido ignorada num desses programas tipo American Idol e depois fazer um comeback glorioso, com a ajuda do amado. Seria muito mais convincente, não é mesmo?

Mas a parte boa é que não faltam ótimas canções que distraem o espectador mais atento dos muitos deslizes do filme. Eu mesmo, já estou providenciando a minha trilha. Mas quem espera uma produção à altura do capricho dos trabalhos da cantora, pode se frustrar um pouquinho. No conjunto da obra, soa apressado e se resume numa frase inspirada no próprio filme: Nasce Uma Estrela é o piano nas costas, carregado (felizmente) pela Lady Gaga.

4 comentários:

Unknown disse...

Não pare de escrever. Você é maravilhoso com as palavras,Luís. Vida longa ao seu blog! 🙌❤

Tiago Cardoso disse...

É ótimo te ver de volta as origens. E como você diz, se estão tentando nos calar, eles não vão conseguir!
Concordo com sua crítica ao filme. Mas gostaria de ter me conectado mais. O inicio com o flerte dele, eu gostei kkk eu dava risada, mas depois realmente as coisas aconteciam sem um motivo real. Mas, vale pra ver a Lady Gaga! ��

Unknown disse...

eu também sinto meio que as mesmas coisas. Foi difícil não relacionar a Ally a Lady Gaga, mas algumas partes eu compreendi diferentemente, inclusive a dela não ser uma pop star por questão de beleza (nariz) as mulheres no pop sofrem muitos esses tipos de abuso (você não será porque você é gorda) dizia Dr lucke pra Kesha na carreira dela, e sobre o a parte do Jaque, eu não vi como inveja de ascensão dela, mas vi como o problema com drogas dele, vinha de uma insegura e solidão muito grande apesar de ser famoso, e quando ela começou a ascender ele findou voltando a ser muito só, e além do mais, ele passava a pensar que estavam tornando ela no que ela não era, o que eu também acho, porém ela almejava essa carreira, e seguiu, piorando na qualidade musical. Mas crescendo no stream, no tamanho do público. Concordo com você que o roteiro não foi tão bom. Eu achei tudo muito rapido. E também achei Ally sem carisma algum, talvez Ally pareça um pouco com a Stephanny Gernomota, que não deu certo, dai ela própria se reinventou pra Lady Gaga, o que acha ?

Fernanda Matos disse...

Lindão, como amo ler o que você escreve!
Eu achei o filme bem óbvio, me irritei demais com a forma de falar do Jack, mas se a intenção era essa, ele mandou bem! rsrs achei a Lady Gaga um exagero naquelas roupas, no entanto eu posso imaginar sim que a indústria seja desta forma “você não serve pq não é bonita”, o nariz era apenas o símbolo. Também achei real a parte das balairinas e dela ter que se adequar ao que a indústria manda. Amei a trilha, to com a minha inteira no Spotify! ❤️