Dia das mães e eu presto esta singela homenagem a dona Claudionor Vianna Telles Velloso, mais conhecida entre nós por Dona Canô, a mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia. O escritor ou jornalista que escrever a biografia dessa senhora centenária terá em suas mãos um rico material. Humano, sensível, poderoso. O que Dona Canô fala, logo se corre e escreve. As suas palavras jamais podem se confundir com o vento, porque são muito preciosas. Aliás, vou sugerir essa idéia para o Antonio Bivar.
Em setembro de 2000, Dona Canô concedeu uma longa entrevista ao jornalista Sérgio Augusto de Andrade, para a revista “República”, intitulada “No Coração Brilhante da Bahia”. Um daqueles documentos afetuosos, que não se podem perder por nada. Como se houvesse na mídia uma polêmica acerca da inteligência de nós baianos, posta em dúvida pelo coordenador do curso de medicina da UFBA (o nome do sujeitinho não me ocorre agora), resolvi recorrer à entrevista de Dona Canô, como quem pede socorro a uma cartomante, em busca de alguma salvação. Queria escrever sobre o assunto, mas não me arriscar em ser traído pela vaidade. Evitaria também ao máximo os nomes de baianos ilustres, porque outros já o citaram em nossa defesa. Tudo bem, não me alongarei, ficam aqui as palavras de Dona Canô: “Não nasce gente burra em Santo Amaro (cidade do Recôncavo baiano onde a matriarca da família Velloso reside). E, se nascer, morre”. É, deu pra perceber que essa polêmica vem de longe. Para completar, ela ainda põe fogo na eterna briga entre cariocas e paulistas: “Gosto do Rio, mas eles não têm afeto. Em São Paulo os amigos são de verdade. Com mar, era outra Bahia”. Dona Canô, Dona Canô!
(foto) Dona Canô ao telefone, por Elói Corrêa, Agência A Tarde.
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Em setembro de 2000, Dona Canô concedeu uma longa entrevista ao jornalista Sérgio Augusto de Andrade, para a revista “República”, intitulada “No Coração Brilhante da Bahia”. Um daqueles documentos afetuosos, que não se podem perder por nada. Como se houvesse na mídia uma polêmica acerca da inteligência de nós baianos, posta em dúvida pelo coordenador do curso de medicina da UFBA (o nome do sujeitinho não me ocorre agora), resolvi recorrer à entrevista de Dona Canô, como quem pede socorro a uma cartomante, em busca de alguma salvação. Queria escrever sobre o assunto, mas não me arriscar em ser traído pela vaidade. Evitaria também ao máximo os nomes de baianos ilustres, porque outros já o citaram em nossa defesa. Tudo bem, não me alongarei, ficam aqui as palavras de Dona Canô: “Não nasce gente burra em Santo Amaro (cidade do Recôncavo baiano onde a matriarca da família Velloso reside). E, se nascer, morre”. É, deu pra perceber que essa polêmica vem de longe. Para completar, ela ainda põe fogo na eterna briga entre cariocas e paulistas: “Gosto do Rio, mas eles não têm afeto. Em São Paulo os amigos são de verdade. Com mar, era outra Bahia”. Dona Canô, Dona Canô!
(foto) Dona Canô ao telefone, por Elói Corrêa, Agência A Tarde.
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Chovendo a cântaros por aqui. Dia das mães bem melancólico. Devo terminar a peça ainda esta semana. O resultado tem sido muito bom. Já tenho até a imagem de um possível protagonista, o ator Sergio Menezes. Desde que me debrucei em pesquisas para escrevê-la, decobri coisas muito legais que pretendo dividir aqui com vocês, mas, por enquanto, está sendo impossível fazer esse apanhado geral. Então, para aliviar um pouco a minha culpa, presenteio vocês com um trechinho de... "BOM-CRIOULO". E a vida segue.
“Vibrai rijo o chicote. Sou negro como a noite e da morte aprendi a escapar. (IRÔNICO) Vamos, aplaudam! Aplaudam os convencionalismos dessa sociedade hipócrita! Não esqueçam também de festejar o guardião Agostinho, no final do espetáculo. (GRAVE) Não adianta. Se for preciso, defenderei novamente o meu querido amigo Aleixo. Estas 150 chibatadas só conseguem extrair de mim um único filete de sangue. O sangue que escorre para selar a nossa amizade. Uma amizade que há de ser para sempre. (AINDA MAIS IRÔNICO) Ah, como a paixão faz o sofrimento parecer inatingível!”.