Ontem foi o Queen`s Day, aqui na
Holanda – uma especie de carnaval e 7 de Setembro, para simplificar. Pensei em
nao postar nada, afinal ja tinha ate feito um certo barulhinho sobre esse
feriado daqui, no Facebook, Twitter e Instagram (o meu mais novo passatempo na
internet – ate quando?), mas como a minha vida cultural anda um pouco em baixa,
por conta de uma serie de trabalhinhos de imigrante que surgiram nos ultimos
dias, resolvi fazer um resumao da festa, mas bem ao estilo “a quem interessar
possa”, porque para nos, acostumados com um carnaval interminavel e diverso,
nao deve ser la muito convidativo ficar lendo sobre uma festa popular onde todos
se vestem de laranja e vao para as ruas bater perna e comprar cacarecos. Mas
tambem nao e bem assim. No quesito alegria, eles ainda deixam muito a desejar,
mas como estou numa fase muito tranquila, confesso que adorei tudo e me senti
completamente integrado.
O Queen`s Day e um feriado em homenagem
a Beatrix, a rainha da Holanda, uma simpatica velhinha que adora chapeus
extravagantes e um penteado armadao, tipo aquele da Cassandra do Sai de Baixo. Lembram?
Figura carismatica, a sua alteza real costuma fazer dois discursos publicos por
ano, um na abertura do Parlamento (se nao me engano, em setembro) e outro no
final do ano. Nao costuma intervir na politica do pais, apenas em casos muito
especificos. E, como a politica por aqui nao tem la grandes sobressaltos e
tambem pelo fato da Holanda ser um pais muito rico e estar driblando a crise numa
boa, ela tem suditos fieis. Todos a respeitam, a admiram, mas tambem
brincam com a imagem dela e sem maiores consequencias. Quando ascendeu ao
trono, ela poderia ter mudado o Queen`s Day para o dia do seu aniversario, mas
preferiu manter a data no final de abril, em homenagem a sua mae. Isso fez toda
a diferenca, porque esse dia e tambem uma especie de celebracao da Primavera, que chega depois de um inverno bastante rigoroso. A cidade se veste de laranja, ha
festas por toda a Holanda, mas as mais animadas acontecem mesmo em Amsterdam.
Dois ou tres dias antes, os turistas ja comecam a desembarcar por aqui, os
hoteis ficam lotados e as ruas intransitaveis. Muda a rotina da cidade, mas
geralmente os holandeses gostam muito e celebram o dia.
Moro no centro da cidade e o meu
quintal e uma praca muito conhecida por aqui, a Rembrandplein, homenagem ao
grande pintor holandes, conhecido por suas imagens bem realistas e uso extraordinario
das sombras. A festa, aqui no centro, comecou bem cedo, as 8h:OO, ao
som de… Born to Die (pasmem!), da Lana del Rey, num remix duvidoso, nas
alturas, para meu desespero e do meu amigo portugues Carlos, que veio nos
visitar e passar o feriado conosco. Ja haviamos saido, no domingo a noite e,
por causa da barulheira, nao conseguimos dormir no dia seguinte. Decidi levar
na esportiva, coloquei um par de oculos escuros, agradeci ao dia de sol, deixei
o casaco em casa e fui para o Jordaan, um bairro bem charmoso de Amsterdam,
cheio de atelies, brechos, galerias, enfim, um dos lugares mais descolados da
cidade. Outro detalhe: como o Qday e um dia que ninguem paga imposto (e aqui os
impostos sao astronomicos), ha uma tradicao de vender nas ruas tudo que
se possa imaginar, novos e usados, a precos simbolicos (ou nao). Quem tem
paciencia para sair bem cedo para as compras pode garimpar muitas coisas
legais, mas, sem muito espaco onde moro, tive que me contentar com uma t-shirt
e um tenis Nike, ambos bem baratinhos.
Mas tambem vi um poster original do filme Um Bonde Chamado Desejo por 500
euros. O dono me disse que estava a venda porque ele estava com a faca no
pescoco, mas nao fazia parte do espirito Qday de precos baixos.
Passei tambem por varios palcos montados
em diversos lugares, onde se ouvia toda sorte de musica – de jazz a Michel Telo
e a tal Danza Kuduro –, para todos os gostos, generos, idade, etc. Tudo de graca. Arrisquei ate alguns passos de danca, depois de dois unicos copos de
cerveja, mas nada que possa me orgulhar rs. Terminei o dia na
Reguliersdwarsstraat, onde os gays estavam pra la de divertidos e depois fui a um
bar na Amstel e voltei pra casa exausto. Mas feliz. Pelo dia ensolarado, pela onda de
alegria e laranja que tomou conta da cidade, enfim, por esse momento tao bacana que agora se soma aos outros que tambem vivi por aqui. Espero que voces tenham gostado das imagens. Em breve,
estarei de volta. Otimo feriado do trabalhador para todos nos. Abracao.
Postado por Luis Fabiano Teixeira COMENTARIOS
5 comentários:
Vi suas imagens pipocando no facebook e a primeira impressão que tive foi a de que o evento se tratava de uma "parada estilizada". Lendo o conceito no seu blog ficou bem mais claro. Gostei bastante. As fotos ficaram divertidas. O pôster saiu caro, mew! Ainda mais com as marcas de dobras... Mas eu o curti também.
Forte abraço!
Oi, Luis!
Eu não creio que aos europeus falte "alegria".
Afirmar isso é, uma vez mais, uma questão de olhar "contaminado" por pressupostos culturais, não é, não?
E se for assim, então podemos nos distanciar e, um pouco mais imparciais, reformular a questão.
Quando estive em Paris, passei pela ocasião do "Beaujolais", que é a festa pela colheita da uva. "Folcloricamente", festeja-se agradecendo (aos deuses ou seja lá o que for, pois aqui não vem ao caso) pela farta colheita. Estamos falando de França e de Vinho. Precisa explicar?
Resulta que ao ler revistas e jornais no dia seguinte, havia várias manchetes conculturando a data. Pergunte-me se eu escutara barulho, algazarra ou qualquer indício de que a festa tinha ocorrido na véspera?
Não!
Essa ideia de que a minha felicidade tem de ser explicitada pelos quatro cantos do planeta, como se fosse, mesmo dissimulada, dependente da aprovação alheia, é mesmo coisa (não sei se apenas!) de brasileiro.
Não basta eu gostar de funk, de forró ou pagode, tenho de explodir os ouvidos da vizinhança com aquilo que escuto - não um ou dois dias - mas até... sabe-se lá!
Não basta gostar de carnaval, tenho de ficar 4 dias sem dormir e mijando pelas ruas atrás do trio;
Não basta ter facebook, twitter, Orkut e mais mil redes sociais, tenho de ter 1 trilhão de "amigos", produzir 100 futilidades por dia e postar 200 (outras 100 são tiradas de qualquer outro canto - até foto do prato de comida serve!) pra todo mundo ver;
"Nossa felicidade" me deixa triste. E como escreveu Frejat (e ele não disse nada de novo): Rir de tudo é desespero.
Felicidade exagerada tem tom de revanche, de expurgo (de uma infelicidade quase permanente)...
E então, é estúpida!
É só mais uma, dentre inúmeras, formas de fuga. Não é felicidade.
Oi, Luis!
Rapaz, quando uma imagem me aparece, já é tarde para eu escolher se quero vê-la ou não, não lhe parece evidente?
Boa sorte com seus trabalhos de imigrante e seu eu o aborreci - me desculpe se não o adverti: eu não me enquadro sempre àquilo que as pessoas querem ouvir - peço pra "olhar de novo" e buscar se há algo que considere aprazível em minha "presença". É o mais sincero que posso lhe oferecer.
Beijão.
É cada uma que a gente tem que ler....enfim!
Eu entendo que os europeus falte alegria sim, vivo por essas bandas há tempos e mesmo o "carnaval" deles, é uma coisa sem vida, uma coisa automática...Até em festinha de aniversário de criança é a mesma coisa...cada um comemora de um jeito, e cada um é feliz de um jeito. Alegria dos brasileiros?? Sim, senhor!! Europeu no Brasil fica boquiaberto, com os sorrisos, as festas, já escutei muitos deles falarem: "como é que nesses bares, com cadeiras de plástico, tá todo mundo sorrindo e cantando??". Nao é para todos. Claro que há a bagunça, a desordem, a desorganizaçao...isso em todos os lugares, até nas festas mais silenciosas. O problema é que a imprensa de alguns lugares decidem o que publicar...
Agora finalmente ao tema do post: eu babeii nas fotos que eu vi pelo instagram, só hoje, quase 1 mês depois desse post pude passar aqui e comentar, e fiquei com vontade de conhecer essa Holanda com sol e sem chuva!! hahahahaahaha
Provavelmente iremos aí em Julho, conhecer um campo de tulipas de perto!!!!
Beijosss
Ahh e outra coisa:
uma coisa é ALEGRIA outra coisa é FELICIDADE!!
Beijoossss!!!
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