O alerta veio do blog da minha
amiga Angelica: o Instagram, aquela rede social ate entao fechada para usuarios
de iPhones (uma especie de fotolog de “bacanas”), agora passou a incorporar
tambem os usuarios do Android, o sistema operacional criado pelo Google, para outras
marcas de celulares e ate mais acessiveis. Sou totalmente leigo nesse assunto,
mas foi o que entendi. O que antes era de um grupo seleto e, digamos, abonado, agora esta disponivel para qualquer pessoa. Vamos ficar nesses termos e aceitar o
politicamente correto, para nao ofendermos ninguem. Pois bem, sempre tive vontade
de entrar nessa rede social, embora ja me custe atualizar Facebook, Twitter, Flickr,
Tumblr, etc, mas, como muitas vezes esqueco a minha camera em casa e vivo
registrando street art por ai, vi no Instagram a possibilidade de divulgar, com
moderacao, coisas que me agradassem e em tempo real. Nem muito por aqueles filtros-retros
porque o Photoshop ja me quebra um galhao, mais pelo fato de tirar a foto e
posta-la, instantaneamente, mesmo. Ja estava ate pesquisando o preco do
aparelho, quando saiu a “novidade”.
E a gritaria foi geral entre os “hipsters”
de plantao: “Vao estragar o Instagram”, “O Bolsa Familia chegou para os
usuarios do Android” e por ai vai, na maior demonstracao explicita de
preconceito que eu ja vi na internet. Muito embora esse tipo de reacao nao seja
assim tao recente. Quando o Orkut comecou a ficar bem popular, acessado pelas
camadas mais humildes da populacao e surgiu aquela avalanche de rosinhas e
frufrus nos scraps, essa mesma turma foi a primeira a migrar pro Myspace e
depois para o Facebook, que por sua vez acabou engolindo os dois. Vem dai o
termo “orkutizacao”. Quando uma rede social comeca a ficar bem kitsch, bem trash,
e porque, segundo essas pessoas, estao orkutizando a mesma.
Ha algum tempo, estou estudando
esse “fenomeno”, para um proximo trabalho, e o que mais me chamou atencao na
escolha do tema foi justamente como o mundo virtual incorporou uma das mazelas
mais hediondas da vida real: a manifestacao do odio e do preconceito. Aposto
que cada um de nos tem uma experiencia pra contar. Esse rapaz que imita a Xuxa,
por exemplo, me parece ser a bola da vez. Nao sou de entrar em discusses calorosas,
na rede, mas outro dia critiquei uma pessoa da minha lista do Facebook porque
um dos albuns dela se chama “Porque pobre nao pode ter maquina fotografica”,
onde ela coleciona fotos de gosto pra la de duvidoso, bizarras e algumas
simplesmente engracadas, de pessoas anonimas e principalmente de brasileiros. Muitas pessoas temem que o Instagram seja invadido por imagens assim e que deixe de ser "cool". Bom, expliquei as minhas razoes a pessoa, disse-lhe que achava aquilo cafona e que promover
essa divisao de classes nao a levaria a lugar nenhum e que ela estava apenas
tripudiando da pobreza de espirito alheia. Resultado: ela concordou comigo,
apagou o meu comentario, mas preferiu continuar com o seu circo. Dei de ombros.
E chato ter que trombar, todos os
dias, com a falta de bom senso das pessoas? E. Mas, por outro lado, voce tem a
chance de nao querer receber mais atualizacoes dessas pessoas e ate exclui-las,
se for o caso, por isso eu nao me incomodo com essas coisas, nao procuro
esquentar a minha cabeca com essas bobagens. E depois eu costumo pensar da
seguinte maneira: cada um tem o direito de fazer da sua vida o que quiser, quer
ser futil? (e olha que estou farto de ver marcas via Instagram), quer se fingir
de rico?, quer fazer a linha nerd?, o pegador?, a periguete?, enfim, seja la o
que for, cada um tem o direito de ser o que quiser, usar a mascara que quiser. Pra
essas pessoas eu nao dou a menor bola. Nao perco o meu tempo. E outra, todo mundo conhece os perigos a que
isso implica. Como diz uma propaganda de bicicleta que faz muito sucesso por
aqui: Enjoy the liberty. E, claro, capriche nos cliques do seu Instagram. Seja ele de qual celular for.
Postado por Luis Fabiano Teixeira COMENTARIOS
Postado por Luis Fabiano Teixeira COMENTARIOS
3 comentários:
Já não basta o preconceito na vida real, agora ele é virtual tbm =/
Ahhh adorei o post!! hehehehehe
Eu achei que estragaram o Instagram, nao pelo fato de terem liberado pra Android, e sim porque as redes sociais já estao estragadas mesmo. Sao as pessoas que fazem as redes social, portanto, as pessoas estao estragadas. Postam qualquer porcaria, flodam o feed alheio. Juro, que se nao fosse pelo fato de eu morar longe da civilizaçao, eu apagaria facebook, twitter e tudo mais. De saco cheio da rede.....
Beijos
Oi, Luis!
Gostei do comentário "sem frescura" da Angélica Oliveira: É, as pessoas estão estragadas.
Às vezes (e cada vez mais com mais frequência, diga-se!)fico saturado, sem paciência de tentar pensar algo sobre essas discussões porque meus pensamentos, eles mesmos, são migalhas, farrapos de pensamento. Fui me constituindo assim - e nem foi por escolha - durante quase toda minha existência.
De qualquer modo, escolhi pensar o discurso; Escolhi estudar Filosofia. E, aqui, tripudio com as palavras: A Filosofia lhe possibilita uma enorme capacidade de saber-se miseravelmente incapaz pra quase tudo!
É como se ela me sinalizasse que a chave para a verdade existe mas, uma vez tomando-a e buscando abrir o que a encerra, só pudesse encontrar algo que até hoje não esteve lá. Ou seja: Algum sentido pra vida pode até existir, porém não foi conhecido até agora; Só ouvimos histórias!
Nós nos estragamos com elas.
Por exemplo, há uma cultura pela indiferenciação que tem seus prós e contras; Há outra, pela discriminação, que sofre dos mesmos efeitos.
Assim, suponha que eu possa conscientemente ser (ou, ao menos, parecer) integralmente com o que eu desejo. Oras: Há muito positivismo nisso! Todavia, conceda.
Mas eu NÃO POSSO, INCONSCIENTEMENTE, não ser aquilo INTEGRALMENTE que eu não desejo. Aí é demais!
...
Até que ponto essas discussõezinhas são diferentes ou apenas lados de intelectos que sustentam o mesmo expediente?
Saco cheio da REDE? Não! Das pessoas.
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