FOLIA MELANCÓLICA

Foto: Voltaire Fraga

Carnaval bastante melancólico, mas sem ressentimentos. Não tenho muita ginga e muito menos essa alegria interminável dos meus conterrâneos. Mas, claro, assisto aos desfiles e torço pela Mocidade que, neste ano, fez um desfile dramático e confuso. Mais uma vez, Machado de Assis não teve a sua vida contada de forma contagiante, ampla, com toda a sua riqueza. Lamentável.

Pelo menos, pra compensar, ontem teve Oscar e eu fiquei emocionado com o discurso de agradecimento do roteirista Dustin Lance Black, de "Milk – A Voz da Igualdade": "Milk me deu a esperança de viver abertamente como eu sou. (...) Deus ama vocês (os gays americanos) e, em breve, prometo que teremos direitos iguais em toda esta nossa grande nação. Obrigado Deus por ter-nos dado Harvey Milk". Lindo, né?

E estou de olho também no carnaval de Salvador, precisamente no trio de Daniela Mercury, de quem sou fã e tenho até uma foto autografada. É impressionante como o tempo passa e ela continua cheia de energia e consegue se diferenciar das suas demais colegas, inserindo elementos da cultura afro em seus trabalhos ou mesmo flertando com a música eletrônica, promovendo um diálogo interessante entre passado e presente. Numa entrevista à Lorena Calábria ela disse que tem um mundo particular, imaginário, que não a distancia da realidade, mas que é essencial para que continue trabalhando com tanto amor ao que faz. E ainda aconselhou: "Não podemos deixar perder a fantasia". É isso aí, o conceito deste blog é justamente esse.

E o colorido do carnaval influenciou bastante meus últimos quadros. Em breve, posto aqui três deles. Destaco um que fiz para o jornalista André Fischer reproduzindo imagens bem populares como as calçadas de Ipanema, Copacabana e São Paulo. Exuberante, leve, astral. Estou pensando em fazer coisas mais geométricas, mas não quero perder a simplicidade, já que se tornou uma marca do meu trabalho em pintura.

E, pra finalizar, minhas dicas de folia, bem atípicas, claro: o conto "A Morte da Porta Bandeira", de Aníbal Machado e o documentário "Cartola", de Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. Aliás, por conta desse documentário, que é muito bem feito, passei a ouvir as músicas do mestre do samba melancólico e estou adorando. "O mundo é um moinho" é a minha preferida.

Vou ficando por aqui. Abração!