Ontem estive na FENALBA, espécie de Bienal do Livro da Baixada Santista, em Santos. Foi decepcionante por um lado. Poucas editoras convidadas, stands fracos, livros a preços exorbitantes e público zero. Com esse balanço, não vou usar eufemismos, foi um fiasco mesmo. Ao chegarmos ao evento, eu e minha amiga Fernanda, vimos uma fila para o Café Cultural. Um conhecido me informou que o convidado era o diretor cult de cinema e ator José Mojica Marins. Sim, ele mesmo, o "Zé do Caixão". Mas para participarmos teríamos que ter feito o cadastro pela internet. Saímos frustrados. Minutos depois, anunciaram recrutamento de público para o bate-papo. Ficamos felizes com a possibilidade de não perdermos o nosso dia. Entramos na sala-aquário e Mojica já estava lá, no centro, impronunciável. Mesmo não estando “montado”, a presença dele é muito marcante. E nem falo especificamente daquela unha gigantesca que causa um certo nojo nas pessoas e que para mim é mais um charme dele. Os olhos, as roupas pretas, a maneira de falar, enfim, realmente (ele usa esta palavra repetidas vezes), é uma figura impressionante. O bate-papo foi muito bom. Eu que não conhecia nada dos filmes dele fiquei bem tentado a alugar um dos DVDs, o mais trash possível. Depois de assistirmos ao making off do seu mais recente sucesso, “Encarnação do Demônio”, pudemos ver o quanto ele é querido pelo público e o quanto as pessoas se interessam pelo seu trabalho. Os assuntos giravam em torno de curiosidades sobre a sua obra cinematográfica, mas, lá pelas tantas, ele falou algo que não esqueci até agora: “Deus criou o homem e o homem criou o diabo”, ao explicar que era religioso. Também aconselhou aqueles que querem fazer cinema no Brasil: “Persistam. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Acho que é essa sua simplicidade que toca as pessoas. Fiz uma foto bem legal dele, em P&B, espero que vocês gostem. Ah, não resisti e comprei também um boné preto, personalizado com o rosto dele. Ele o autografou de forma bastante simpática e já é o meu mais recente objeto de estimação. Bem, vou ficando por aqui porque ainda tenho alguns quadros para pintar até o Natal. Em breve, posto as fotos. E a vida segue mais terrível rs.
2 comentários:
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Lu:
Ato 1:
Zé Caixão em meio ao caju! Hehe! Prefiro, deixa-me ver... Reservo-me no direito constitucional de não emitir provas contra mim mesmo... (rs) Fato é que me alegra em saber da abertura que se dá para uma lenda do cinema dito “trash”, recentemente visto por lentes críticas como tal. Assim como o papa é pop, nos versos dos Engenheiros do Hawaii, o “trash” também o é.
Ato 2:
Suas fotos são cenas arrancadas de película. Penso que você deva recortar, revelar (ou imprimir, que o seja!) e ao final substantivar como fotografia. É uma redução. Os teus “flashes” alcançam mais que isso. Formam um conto. Será que ninguém ainda percebeu?
Apagando as luzes:
A vida segue cada vez mais assustadora. Quem disse que viver não é um susto? Graças a Deus, inclusive, pelos sonhos e pela (ir)realidade.
Abração vitamínico, rapá!
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Mojica...Foi incorporado a sociedade de consumo....Filmes, DVDs, bonés, camisetas, CDs, porters, etc e etc...Tristeza....
O sistema absorve tudo, tudo vira produto, a maquina de moer gente e de simular arte.
Nada contra produtos. Mas o produto "cult" e o produto "arte" são sempre os produtos mais superficiais e ôcos que existem.
Preferia o Mojica quando o "Mojica" era o Mojica. Viva o Zé do Caixão. Aquele outro. O original. Com falta de grana original. Com publico original. Num mundo que era mais original.
Mas gosto do Mojica. Só que agora ficou mais dificil gostar. Porque agora...agora o Mojica está mais terrificante do que nunca. Agora o Zé do Caixão reencarnou na sua própria alma.
Brrrrr...Que mêdo!!!!
bjs
Luís
(se não publicar, entenderei...)
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