sábado, 14 de janeiro de 2012

RUIDO


Ja me preparava para escrever sobre o vergonhoso programa “Mulheres Ricas”, da Band, quando soube que havia uma discussao calorosa, no blog do jornalista Zeca Camargo, sobre critica de TV. Fui la conferir e mudei de ideia, achei que seria melhor repercurtir alguns pontos de vista dele do que ficar apontando as bizarrices de uma parcela da nossa sociedade, cujo dinheiro compra absolutamente tudo, menos o bom senso. Como sempre, o post do Zeca e longo e cheio de divagacoes, mas a leitura vale a pena. Ele comeca usando um texto do escritor Machado de Assis (que eu ja li e que tambem recomendo), li num volume antigo intitulado Critica Literaria, mas, se nao me engano, ha uma nova edicao com outro nome. Um texto delicioso onde Machado escreve praticamente um manual para quem pretende se tornar um bom critico (isso la no seculo 19). Em linhas gerais, o jornalista questiona sobre a crescente onda de criticos de TV na internet e que esses “ditos” criticos estao apenas preocupados em repercurtir assuntos de programas como BBB e afins, em busca de audiencia na rede. Ou seja: jogou a gasolina, o fosforo e saiu correndo (ou quase).
Ele nao deixa de ter razao, claro. Se fizermos uma busca pela internet, vamos notar que a industria de celebridades domina boa parte do que se oferece, dai o fato de portais importantes do pais investirem pesado nela. A TV, como era de se esperar, esta ali coladinha. Assistindo a TVs de varios paises, aqui da Europa, percebi o quanto a nossa e boa (pasmem!). Sim, temos mais criatividade e ousadia e ate os nossos reallyties sao melhores. Sabemos como ninguem fazer TV porque gostamos do veiculo, ate criamos uma expressao para justificar pais cheios de filhos: “Nao tem TV em casa”. Temos ou nao temos uma relacao afetiva com as telenovelas, por exemplo? Nao e a toa que o genero, mesmo sem o folego de tempos atras, completou recentemente 60 anos. Querendo ou nao, ela faz parte da nossa cultura, nao tem como negar. Isso tudo para dizer que o interesse em cobrir os assuntos da TV existe, alias, sempre existiu, o que mudou mesmo foi a qualidade do telespectador, o que o jornalista esqueceu de mencionar. A propria Globo tem incentivado os seus autores a escreverem sobre as classes C e D, as novas cerejas do bolo nestes tempos de economia brasileira aquecida. Nao tenho o menor preconceito, ate porque sou de uma familia remediada, mas nao concordo que uma emissora de TV tenha que ser pautada por uma ou outra parcela da populacao. Acho ate perigoso. O programa da Ana Maria Braga, por exemplo, mudou tanto que nao ficarei nada surpreso se qualquer dia desses houver um quadro chamado Cafe com Crime, porque ate esses assuntos policiais tem sido constantemente destaques no programa.
Outra questao levantada foi a da profundidade da critica e dos comentarios vagos nos sites/blogs. Concordo quando ele diz que os internautas estao apressados e, na ansia de comentarem logo, leem apenas o titulo: o suficiente para o autor se encher de vaidade, ja que o seu texto teve centenas ou milhares de pageviews. Eu ja vejo essa pressa como uma mudanca mais ou menos recente do comportamento do internauta (de modo geral mesmo), sobretudo aqueles mais jovens, somada a ascencao de midias e redes sociais como Twitter e Facebook. Alias, li por esses dias um texto otimo sobre isso, assinado pelo Pedro Burgos, com o titulo de Sobre Michel Telo e as discussoes rasas das redes sociais, no site GIZMODO Brasil (vale muito a pena). Essas redes sociais, infelizmente, condicionaram grande parte dos internautas a fingir que gosta de algo para ser aceito ou mesmo comentar algo engracadinho para que o seu nome fique em evidencia. Poucas pessoas leem os textos ate o final e comentam algo realmente relevante. Ate a nossa forma de ser informado mudou. Ha pouquissimo tempo, o jornal Folha de S. Paulo fez uma mudanca editorial onde e visivel a influencia desse “novo estilo”, se e que podemos chamar assim. Quanto a queixa do Zeca sobre a ausencia de criticas mais ousadas, nao acho que ele esteja totalmente certo. A internet democratizou bastante a informacao e a diversidade de opiniao, e so uma questao de achar a sua turma. Vamos que vamos, porque 2012 comecou cheio de expectativas. Abracao!

2 comentários:

Flávio Michelazzo disse...

Li e li inteiro, e não apenas o título, rs. Eu só fico triste que essa aceleração toda enxugou demais os textos virtuais e vulgarizou a TV, mas concordo que novas tribos vão acabar se formando. É só uma questão de adaptações. Abração!

Tiago Cardoso disse...

2 Eu li ate o final tbm!!!!