terça-feira, 29 de junho de 2010

TUDO SE CONECTA


Dei um tempo no futebol, para abordar um assunto que tem me chamando bastante atenção. Está apenas começando, mas deve ganhar fôlego tão logo termine a Copa do Mundo: as eleições de outubro, mas com o foco na Web. Antes de imaginar como vai ser a briga por esse eleitor “plugado”, indico a leitura de Teodoro Adorno, um filósofo alemão bem interessante que criou o termo “indústria cultural” e que me despertou para o post de hoje. Crítico da “cultura de massas”, por ser fabricada apenas para encantar plateias, sem espontaneidade, Adorno nos propõe reflexões bem polêmicas. A industrialização da arte é talvez a mais conhecida e também criticada. Para ele, arte e realidade social devem andar sempre juntas. A partir daí e, considerando que hoje a mídia tradicional está perdendo força para a internet, que a mass media está dando lugar ao “I, media” – o termo é meu mesmo – comecei a pensar de que forma os candidatos vão tornar agradáveis as suas presenças em blogs e redes sociais, para que nós possamos parar e “comprar” suas ideias e imagens, em meio a uma crescente ideologia da vida não politizada. O fato é que a campanha política já começou na Web, faz algum tempo, inaugurando por aqui uma forma de marketing que começou tímida, mas promete se tornar bem agressiva.

Muitas pessoas talvez nem notem, mas, ao tuitar sobre as proezas de um produto qualquer, por exemplo, estão fazendo, de forma gratuita, o que valeria milhões em intervalos de TV ou em páginas do melhor jornal do país. A intenção é a mesma: chegar ao consumidor. O poder de alcance, guardada as devidas proporções, idem. Por isso o contrário também se aplica. Quando a atriz Susana Werner “ameaça” uma empresa que a teria caloteado, revelando que trataria das pendengas no Twitter, ela está dizendo que pode manchar a imagem da mesma, de forma bastante simples, em apenas 140 caracteres. O #CALABOCAGALVÃO já é bem diferente, trata-se de uma piada que ganhou dimensão global revelando o que todo mundo já sabia: o incansável poder de interação desse novo “consumidor”. Outro dia, li também no blog de uma importante executiva do mercado editorial brasileiro um texto em que ela se derramava em elogios ao iPad e ao Steve Jobs, num post escancaradamente patrocinado. Essa prática tende a ser cada vez mais comum, daqui pra frente. Tudo também é ainda relativamente novo, não dá pra calcular algum tipo de impacto negativo, na vida das pessoas. Mas uma coisa é certa, valendo-se da ausência de fronteira na internet, os publicitários vão tentar nos empurrar goela abaixo toda sorte de poluição virtual disfarçada. Em relação aos políticos, temos que esperar pra ver, mas a minha caixa de e-mail, o meu Orkut e Facebook começam a sinalizar para a mudança. Mas até que ponto as pessoas se importam com isso? Eu não tenho visto muitas reações a respeito.

No meu Twitter, já há algum tempo, tenho lido mensagens frequentes favoráveis ao tucano José Serra. Percebo também, a exemplo da bem-sucedida campanha de Barack Obama, que ele é o melhor assessorado nessa área. A candidata do PT, Dilma Rousseff, ao contrário, tem deixado bastante a desejar. Primeiro aquela informação errada no currículo que apareceu no site, depois a foto da Norma Bengell numa passeata indicando que era ela. Marina Silva parece insistir no modelo antigo de campanha. Aliás, por ser a menos cotada nas pesquisas e ter um eleitorado predominantemente jovem, deveria ser a maior incentivadora do palanque virtual. Enfim, façam suas apostas. Eu mal vejo a hora da disputa começar a pegar fogo. Já imagino os internautas se digladiando, divulgando vídeos dos seus candidatos preferidos, jocosos ou mais sérios, o Photoshop gritando na produção de tiradas absurdas, santinhos divertidos, enfim, acho que isso tudo vai esquentar os debates, vai dar o tom à campanha deste ano. Pode ser o máximo, mas também o circo dos horrores. E que vença o(a) melhor, claro. E não custa nada lembrar, cuidado com vírus.

8 comentários:

Flávia Batista disse...

oi Luís!!
òtimo post.
Vc escreve muito bem. Incrível como conseguiu abordar tantos assuntos, sem perder a coesão!!!
Parabéns!!!

bjss

Átila Goyaz disse...

O negócio é sempre estar atento aos farsantes e ao passado dessas pessoas. A "maquiagem" adianta muito pra tapar isso, boas propagandas.
Se eu te perguntar qual é o melhor enxaguante bucal... muitas pessoas vão pensar naquele que caua queimação, uma "explosão de bom hálito"... mal sabem elas que ele é o menos recomendado pelos dentistas... rs

Abraços!

Edilson Cravo disse...

Querido, amei teus desenhos,pinturas e colagens são incríveis e passam muita energia.Em relação a utilização dos meios virtuais para se propagar as idéias é uma coisa sedutora e perigosa ao mesmo tempo.O importante mesmo é usar o bom senso e saber até onde podemos utilizar a rede sem nos envenenar pela mesma né?rs.Linda semana.Arbaços.

Richard Mathenhauer disse...

Como disseram, você escreve muito bem abordando vários assuntos. Aproveitando a deixa, você conecta muito bem! rs

Abraços, meu caro.

Anônimo disse...

Acho que a publicidade politica na internet deverá ser bem pensada, porque ao contrário da TV, na internet o usuário tem um grande poder de resposta (e de propagação desta resposta). Se o político se queimar na internet, não terá TV ou qualquer outra mídia que o salve.

Grande abraço Luis.

Madame Mim disse...

Olá Luis, bom dia!
Esse domingo recebi um encarte da Revista Época trazendo justamente o assunto de que os políticos querem pessoas engajadas nos mais diversos meios, para serem contratadas a fim de divulgar seu candidato...
Aqui em Campinas o PT corre com os asfaltos e com a liberação de festas gays, etc (Isso porque aqui não tem nada nunca cultural, como por exemplo a virada)...São os grandes filés...A manada que vota.

Isso se houve algum tipo de candidato, pois ao meu ver eles não deveriam participar nem de eleição à presidência de Grêmio...

Bjs,

Cleyton Cabral disse...

"os publicitários vão tentar nos empurrar goela abaixo toda sorte de poluição virtual disfarçada."
Olhe, olhe seo rapaz. rá rá rá.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Gostei e muito ... se realmente desejarmos podemos reescrever nossa história contemporânea utilizando todos os recursos de mídia de que dispomos ... se quisermos acabamos com todo e qualquer marketeiro de plantão... vou tentar puxar uma corda pelo twitter e ver o que da ... rs ... se der merda digo q foi o Luiz Fabiano q ensinou e incentivou ... kkkk

bjux

;-)