domingo, 23 de novembro de 2008

CELEBRAÇÃO DO SILÊNCIO II


“Era verdade; ele era quase completamente feliz”.

Escolhi essa frase da Virginia Woolf, porque, de ontem pra cá, me bateu uma vontade, sem precedentes, de sumir. Não me perguntem pra onde. Topo qualquer destino, desde que, nesse lugar, eu seja uma outra pessoa. Fiquei horas olhando para os mesmos quadros, esboços e tintas e me perguntando: “É isso?”. Quis dormir. Em vão. Verifiquei e-mails, mas não havia nada que modificasse a minha vida. Tentei até o áudio-livro “O Pequeno Príncipe”, mas, de tudo que ouvi, o mais interessante foi: “Desenha-me um carneiro...”, no que fiquei repetindo aquilo feito um parvo, imitando o pequeno monarca com uma vozinha esquisita. Cheguei à conclusão de que toda pessoa que trabalha com criação artística, que tem que extrair idéias de si mesmo, todos os dias, deve passar por esse esgotamento emocional. Agora só me interessa saber quando renasço. Pode ser amanhã ou quem sabe quando estiver transbordando daquele estado de amor que deixa as pessoas a um palmo do chão. Ou quando superar o medo da perda e cativar inúmeras pessoas a quem possa chamá-las de meus amigos. Ou, o menos provável, se perceber que tudo isso não passou de um pesadelo. É melhor vocês ficarem com as belas imagens que fiz na orla de Santos e que fazem parte da continuação da série “Celebração do Silêncio”. E a vida segue gótica.




1 comentários:

Robson Schneider disse...

Cara concordo contigo quando diz...
"Cheguei à conclusão de que toda pessoa que trabalha com criação artística, que tem que extrair idéias de si mesmo, todos os dias, deve passar por esse esgotamento emocional."
Sou cantor e me faltam inúmeras vezes e atualmente muito forte, a disposição pra interpretar até as inspirações alheias... Não conseguindo nem pegar carona nelas, mas acho que até esses momentos cooperam com o artista, aliás o que seria dele sem esses desertos...
Abraço e nem sei como cheguei aqui, mas foi legal!