segunda-feira, 17 de setembro de 2007

IMPRESSÕES AVULSAS

MÔNICA VELOSO COMENDO PIZZA NA PLAYBOY

Tive uma idéia superbacana para o aguardado ensaio fotográfico da Mônica Veloso, na revista Playboy. Ela deveria aparecer na última página comendo uma “inocente” pizza. Pensei até numa foto em PB, tipo aquela da Madonna do livro Sex. Já que, quando se trata de corrupção neste país, tudo termina em pizza mesmo, seria uma forma de reafirmar o óbvio ululante (inevitável o trocadilho com o molusco presidencial). E, cá entre nós, seria uma jogada de marketing e tanto!

ENTRE LIVROS

Recentemente passei por uma fase bem complicada e ler foi uma espécie de “descanso na loucura”. Começo indicando “Werther”, de Goethe, que eu já havia lido na faculdade, mas que nesta releitura vi coisas incríveis como a fluência extraordinária do texto, algo bem atípico em livros românticos. Há trechos saborosos como este: “Por que é que aquilo que faz a felicidade do homem acaba sendo, igualmente, a fonte de suas desgraças?”. “Duas Ou Três Coisas Que Sei Dela, A Vida”, do Domingos Oliveira, é um livro excelente para quem busca algumas respostas da vida, mas não tem idade suficiente para entendê-la (o meu caso) ou não quer ficar enchendo o saco dos pais ou amigos mais velhos perguntando sobre ela (o meu caso também). E o melhor de tudo: não é auto-ajuda. Quando assistia o programa dele no Canal Brasil, ele não me inspirava o menor dos adjetivos, mas agora tenho vontade de conhecer a fundo tudo que ele já fez. Virei fã mesmo. “Solo de Clarineta – Vol 2”, do Erico Verissimo, não chega a ser tão bom quanto o Vol 1, que li no último verão, mas está repleto de boas dicas de viagem para quem deseja conhecer a Grécia, Portugal e Espanha. Reli também “Laços de família”, da Clarice Lispector, acompanhado de um roteiro de leitura, que fez toda diferença na hora de entender alguns contos. Os que mais me impressionaram foram “O Crime do Professor de Matemática” e “O Búfalo”. Do livro “A Rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade, li e reli diversas vezes “Consolo na Praia”. Não há um só verso com o qual eu não me identifique ou que não tenha alguma relação com a minha mudança de vida recente. Numa tarde cor de aço, coração opresso, me sentei nas pedras da Ponta da Praia, em Santos, sem me dar conta de que inconscientemente estava protagonizando aquele poema. Um desses raros momentos de beleza triste de nossas vidas. Outro livro que gostei bastante foi “Uma escola para a vida”, de Muriel Spark, escritora escocesa que possui uma sensibilidade incrível. A história do jovem Chris (às voltas com o seu primeiro romance) e do frustrado professor Rowland Mahler (que não consegue terminar o seu) é repleta daquele humor que os anglo-saxões são mestres. Lembra muito Nick Hornby e Sue Townsend. O final surpreende. Comecei também a ler “Neve”, de Orhan Pamuk, o incensado escritor turco ganhador do Prêmio Nobel de Literatura do ano passado. Indicação da minha amiga Fernanda, que tem livros ótimos e que espero ler todos um dia (risos). Há uma frase nele que curti bastante e que tem tudo pra se tornar uma das minhas favoritas: “Se alguém passa muito tempo se sentindo feliz, se torna banal”. Bem, por ora é só.

DOIS CÔMODOS AJEITADINHOS

E o último CD (duplo) da Ana Carolina, hein? Impossível não ouvi-los sem sentir a mesma estranheza de quem lê pela primeira vez “Deus (Revelação Magnética)”, de Alan Poe. Afeito aos diminutivos, comecei pelo “Quartinho”. Não sei por que razão me veio à cabeça a imagem de um quartinho de empregada (e de minha parte não há nada de pejorativo nisso), onde, longe dos olhos dos patrões, o pequeno cômodo serve de cenário a toda sorte de jogos eróticos (e a partir daqui a imaginação é por sua conta). Gostei bastante de “Então Vá Se Perder”, “Carvão”, “Manha”, “Corredores”, “Eu Não Paro” e “Claridade”. Sim, sou um cara romântico e gosto de músicas piegas. Li recentemente que os trabalhos anteriores dela são melhores. Concordo em parte. Só pela coragem de ter lançado um CD (duplo) com músicas inéditas ela já merece quinze minutos de aplauso. As malditas regravações parecem não ter fim neste país, meu Deus! O que houve com os compositores brasileiros? Greve? Bloqueio criativo?... Mas, voltando, o CD não foge a fórmulas já consagradas como as baladas que sempre viram temas de novela, mas também há lá seus experimentos, o que eu acho extremamente positivo. “Quarto” é mais sofisticado, mais dançante, mas também tem o seu quê de “despudor”. Por falar nisso, fico ruborizado de cantar algumas músicas (de ambos os CDs) em público ou mesmo deixar que a minha mãe as ouça na minha presença. Longe de qualquer moralismo, mas ficaria muito constrangido de ouvi-la cantando, por exemplo,... Bom, deixa pra lá.