quarta-feira, 8 de agosto de 2007

SÁBADO DIFERENTE

Sábado de sol. Dia muito agradável para uma caminhada na Av. Paulista. Sinto-me estranhamente feliz. No vão do MASP, muitos policiais reunidos. Talvez centenas. Desde a invasão do Carandiru, nada parecido. Faço várias conjecturas. Chego a pensar num ataque terrorista, como já havia sonhado na noite anterior, mas sigo em frente. Do outro lado da avenida, vejo uma pequena concentração de jovens, vestidos de preto e com caras pintadas (de novo?), se preparando para uma manifestação contra o atual governo petista. Não imaginava que aquela meia dúzia de gatos pingados fosse se multiplicar tão rápido. Um trio elétrico servia de palco aos organizadores do "evento", que, segundo os próprios, não tinham ligação com nenhum partido ou ONG. Tudo muito improvisado, mas, no meu entender, completamente legítimo. Viva a democracia. Começo a me entusiasmar com as frases de efeito, a criatividade dos cartazes, as fantasias de alguns deles, como a de um simpático velhinho vestido de anjo. Não resisti e fiz várias fotos (as melhores que já fiz até hoje). Ganhei até um nariz de palhaço para também ficar a caráter. O ponto alto foi o desabafo comovido de alguns parentes de vítimas do acidente com o avião da TAM. Tinha de tudo, menos o povo. Não consigo imaginar que os problemas do país afetam apenas a classe média. Será que os pobres não pagam impostos abusivos? Não são mal atendidos nos postos de saúde? Por acaso, a educação neste país é um orgulho nacional?... Já passou da hora das pessoas acordarem. Mas prefiro imaginar que nunca é tarde. No final da passeata, uma ponta de tristeza. Um tom drummondiano. Melancólico. Os versos de "Consolo Na Praia" pulsando dentro de mim: "Murmuraste um protesto tímido. / Mas virão outros".